Agora ela estava contentíssima, já que o empreiteiro lhe tinha telefonado e dado a casa como pronta.
Embora pensassem mudar para o fim do mês, não cabia em si de alegre. Teria de ver com os seus olhos como é que ficara terminada.
Por isso sentiu um baque no coração quando meteu a chave à porta da rua.
Devagar, e desviando-se de tijolos que seguravam os bocados de cartão canelado de protecção do mármore das escadas, subiu. Evitou pôr as mãos no corrimão ainda sujo de pó branco.
Hesitou um segundo. O prédio, praticamente terminado, parecia estar vazio e poderia dar-se o caso de haver alguém com más intenções e, se a coisa desse para o torto, não haveria meio de pedir socorro. Por isso pegou no telemóvel e marcou o número de emergência digitando um SMS, com a morada certa seguida do pedido de ajuda. Em caso de azar seria só enviar a chamada carregando na tecla de "enviar".
Devagar empurrou a porta e avançou. Uma sensação de ansiedade começou a tomá-la. No interior do apartamento ouviam-se gemidos.
Andou mais uns passos e espreitou para além do arco da sala.
A revelação não poderia ser mais surpreendente. De calças em baixo ali estava o seu marido e logo atrás dele o encarregado da obra.
O seu marido, agachado e de traseiro para cima, gemia e pedia mais. E o encarregado tinha-lhe tomado as ancas e, empurrando com todo o corpo, dizia:
- Toma lá que é para ficares com um andar novo...
Saíu, sem fazer ruído.
Uns dias depois via-se escrito na janela daquele apartamento:
"Vende-se andar modelo!"
Charlie
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Uma por dia tira a azia