20 julho 2005
Overdose
O poeta evacuou o poema.
Consumiu ao almoço Ary e Pessoa
Florbela, Sophia e Eugénio
Gomes Ferreira e Jorge de Sena
E as palavras ficaram pesadas
Excessivas, demasiadas
Enroladas no estômago
Perturbando poeta, dia e digestão.
O poeta ficou prostrado
Com a overdose de poesia.
Só por volta das seis
Evacuou poetas e poemas
E livre de palavras
Descansou.
Foto:Victor Ivanovski
O OrCa ode à Encandescente e restante "família", circulando quadrangular por uma refeição diferente, tipo sopa dos pobres, rimando...
quando se come um poeta
daqueles que muito apetecem
há que morder letra a letra
pois só assim acontecem
e depois regá-lo bem
com casta pura e sonhada
dando-o sem olhar a quem
que a poesia é bem dada
e enquanto se mastiga
com volúpia algum poema
há que sentir-lhe a cantiga
para que nos valha a pena
pois quem não gostar não coma
e quem não comer jejue
que nada tem mais aroma
do que o poema insinue
por fim um arroto breve
a contragosto soltado
dirá que o poeta é leve
quem o comeu consolado
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Uma por dia tira a azia