18 maio 2006

ContradiSão - por Alcaide

"São,
O teu aceno e a vontade de saberes porque conas ando perdido, relembrou-me por onde andei...
Tempo de descansar o coração!
O sorriso, esse, já envelhecido,
fica parado e até quase perdido
de ti...Vejo o aceno da tua mão

na minha boca e silêncios que dão
melancolia. Eles deixam ferido
o sonho que adormece guarnecido
de saudade! Mar de contradiSão!

Se amor não pode olhar o horizonte
se leve graça baila em tua fronte,
se o que resta é cumplicidade...

Então vamos foder!... Beber tua fonte...
Molhar palavras secas com verdade...
Jamais matar a nossa realidade!


Alcaide"

É sempre bom ver o OrCa a oder: "Alcaide, com merecida vénia, ressoneto-te:
o sorriso decerto já envelhecido
a tremura da mão então em desacerto
o vivaz do olhar turvo e mal desperto
e um apêndice murcho de escafedido

esse andar por aí sempre a ser fodido
que nos magoa a vida por tal desconcerto
urgindo aos céus bradar com o peito aberto
que à vida há que dar um diverso sentido

comer-lhe e beber-lhe e gozar e folgar
um abraço ao amigo e deixar sempre à mão
um abraço também p'ra quem for a passar

qual fénix das cinzas regressa o tesão
a aquecer-nos bem mais que lareira no lar
e a fazer da vidinha de merda um vidão!"

O Nelo mandou também uma (supostamente... atrás):
"I çe nam foçe assim tam tarde,
Fasia ja uma rexposta
Ao puema que até arde.
Deçe pueta que é o Orka

Ai mas que bén verseja
Que é da gente partir a moka.
Junta letras e nam falseja,
Nenhum puema é minorca

E çe eu foçe um pueta
Cumo çê quele u é
Nam perdia us més dias.
com Lalitos e Baldés.

Enchia eças livrarias,
Scaparates e quejandos
Com o dinhêro das puezias.
Esculhia é, os més marmanjos

Açim nunca más na vida
Me apanhavam numa retrete
Nem olhava pró Lalito
E us que me palmam a poxete.

Mas a vida é açim
Nam é o que nós queremos.
Tudo não paça dum çonho
Oh Orca, oh mé piqueno.

Nam querás tu çer o home
que me palma o imaginário
Faz-me lá um puema,
Acalma lá o mé calvário..."

O seven desabufa: "Foda-se, que isto é um país de poetas. Posso também versejar?
Penetrei-te como um raio
O sangue subiu ao teu rosto
Quase tiveste um desmaio
Maio, Junho, Julho e Agosto

(Ganda foda!)"

O OrCa não ode uma vez que não queira oder segunda:
"Nelo, Nelo, meu desvelo
que se te não parta a moca
o teu poema é libelo
que pede já outro em troca

em troca ou mesmo ao contrário
e que bem que se diria
ao palmar-te o imaginário
entre nós a poesia

nada como alma sensível
retroactiva ou não
para erguer ao poema o nível
e ao poeta... a inspiração!"

O Alcaide re-ressoneta "o grande OrCa, poeta que me alegrou ao comentar algumas «palavras criuzadas» que principalmente me divertem... e com a devida vénia:
Comentas, poeta, a «contradiSão»!
É bela a tua forma de escrever,
que me põe pequeno, sem entender,
como podem tanto uns e outros... não!

Não te digo que é falta de tesão
Nem «apêndice murcho» a aparecer!
Digo-te: o que me fode... é foder
sem amor, sem verdade, sem paixão!

Ah, mas se pega!... Qual vela que enfuna
a noite é curta. Não há quem me desuna
de uns braços de uma boca que me encante!

E a vida lá se passa com fortuna,
como posso. Alcaide só garante
Prazer de te ler... Nisso sou bacante!"

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