Por vezes, era como se acordasse de uma dormência mais imposta do que desejada. Nesses momentos desligava a música, diminuía a luz da sala, deixava que o cigarro ardesse no cinzeiro, recostava-se no sofá e olhando-se a si mesma, masturbava-se. Primeiro a medo, não fossem as crianças acordar com um sonho mau e procurá-la para um aconchego. Depois, quase embalada pela visão do seu corpo visto de cima, as mamas pequenas em primeiro plano, depois o ventre ligeiramente arredondado, o tufo escuro de onde surgia o clítoris, rosa púrpura em fundo negro, depois a curva dos joelhos, perfeita, lisa como água, tocava-se. Descrevia a curva das mamas, sentia-lhes o calor, devagar primeiro, com alguma urgência depois. Então, mantendo uma das mãos a sopesar o peito, descia a outra que emprestava um dedo, apenas um, à busca do orgasmo. Certeiro, habituado, o dedo descrevia movimentos ora rotativos, ora aleatórios, variando a pressão conforme a resposta do seu corpo. Vinha-se quase em silêncio, um gemido que era quase um suspiro era o que mascarava a energia gerada pelo orgasmo. Cansada, dava a última passa no cigarro que durava mais do que o seu prazer, apagava-o e ia deitar-se. Dormia quando o marido chegava do turno da noite e não chegava a senti-lo encostando-se ao seu corpo e sentindo-lhe o cheiro.
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Uma por dia tira a azia