Isto de ter de trabalhar para ganhar a vida é uma estopada de todo o tamanho. Tanto assim é que este verão, com o calor que está, saiu atempadamente uma norma interna a proibir o uso no local de trabalho de top's e de saias acima do joelho. Os gajos nem tugiram nem mugiram que há muito têm interditos os calções e engaiolados no fatinho de todo o ano nem chinelos a imitar sapatos na dianteira podem levar ou são logo apelidados de maricas e toda a gente sabe que a questão não é sê-lo, mas parecê-lo.
Usando de uma lúcida interpretação da lei, o meu primeiro impulso foi envergar as túnicas de mangas a três quartos da moda mas escolhendo as que são completamente transparentes e enfiar saias até ao tornozelo mas tão translúcidas que claramente se vislumbrasse as cuecas, vermelho-vivo, de preferência.
Contudo, lembrei-me do meu amigo que assegura, em nome da convivência pacífica, que apenas três assuntos podem ser falados consensualmente entre colegas de trabalho: os impostos que toda a gente detesta, o futebol que toda a gente tem opinião e o sexo, embora apenas pelo lado dos comentários escarninhos à boca pequena sobre as escapadelas dos outros. Ora como estão em voga os sinais de proibido fumar, talvez fosse mais adequado encher a empresa de parangonas a promulgar que a lascívia entre colegas de trabalho paga imposto, que não se deseja o colega de equipa nem no balneário ou que a má língua sobre nós próprios corta a conversa. Ou então, seria acertado diminuirem-nos uma horinha de trabalho por dia para laurearmos a pevide lá fora e não ficarmos restringidos e obrigados a fazê-lo no local de trabalho.
(Foto © Hyperborean, Roadtrip)
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Uma por dia tira a azia