05 julho 2007

Absurdia


Era fodido escrever o relato do último jogo do Benfica e depois ter de substituir a palavra vermelho por encarnado já que a primeira cor estava excluída do léxico jornalístico. Em seguida, limava qualquer referência a força ou vigor usado por esse clube e trocava luta pela posse de bola por disputa que ainda alguém podia ler nas entrelinhas um combate político que oficialmente não existia impresso em página nenhuma.

Saí da redacção já noite feita para ir emborcar um bife e umas imperiais e certo como um relógio lá estava a farda cinzenta do pançudo na esquina da Diário de Notícias a cobrar os serviços de protecção à Branca de Neve, a puta de sensuais lábios carmim a contrastar na alva face tal e qual a princesa popularizada pela Disney e a quem não faltava nem o cabelo tão negro como azeviche. Até que desejava foder aquela bonequinha que me içava o escroto em cada relance mas não o bastante para não adiar o feito.

Na Trindade tagarelávamos entre colegas e copos, sem esquecer de pesar bem cada palavra dita como os pratos de gambas que ali se serviam que cara desconhecida de comensal na mesa ao lado supunha bufo que subira da António Maria Cardoso ali para nos dar nas orelhas, ocasiões em que repetíamos a senha Ó, Ó, Ó, Ó, Ó, em gargalhadas, para evocar a forma como o Américo Tomaz leria o símbolo dos Jogos Olímpicos.

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