31 janeiro 2011

Poliamorismos machões

É mais descarado o poliamoroso que traz outra mulher para casa para que as duas se possam revezar na satisfação dos seus desejos ou o que traz outro homem para casa no sentido de repartirem as tarefas mais pesadas, nomeadamente aturá-la?

Não a Mim, Domine

Não, é apenas uma ligeira melancolia nostálgica dos momentos em que os sentidos se trocaram. Acções jazidas. Não a mim Domine, não a mim, mas em Teu nome pela felicidade de alguém a quem me resumi. Em quem me resumi. Em palavras, em silêncio.
Cavalgo em estreito caminho de espinhos em permanente desvio, olhando para trás e vendo a Luz à frente. Salto as barreiras que me colocas aguentando o corcel erguido e agora a caminhar, aproximando-me do clarão cada vez mais apagado.
O rodopio em torno de mim traça sulcos na terra que piso. Perfeitas trincheiras solitárias de complexo acesso que sequer a visão chega.
Túneis de sentido único que outrora imperfeitos, deixam entrar brisas frescas augurando luzes de alegria do lado de lá.

8 maneiras de um gajo fazer o seu...

«A crueldade não voa» - campanha da PeTA com Pamela Anderson

30 janeiro 2011

Dos elefantes no peito

Que tudo me doa assim, intensamente. Antes
a dor que o cinzento em todas as coisas;
que mordam o ódio, a dor, a verdade, entredentes
e que possam sair na fúria cega das palavras.
Serena-me mas nunca me acalmes. Por mais que tentes
eu agarro a violência, a chama, a paixão e as lágrimas;
na selva do peito hão-de ecoar como centenas de elefantes
em corrida, o forte estrondo da liberdade pelas florestas.

«Quinze contos para nada» - por Rui Felício


O Alberto, caixeiro viajante, vivia em Coimbra, mas passava a semana fora, a vender os seus produtos por todo o País.
Sempre que calhava passar por Penamacor, hospedava-se na Pensão Alzira. Era como se já fosse da casa. A Alzira e o João, seu marido, tratavam-no como se fosse da família.
Certa noite, depois de jantar, sabendo que o João tinha ido a Lisboa tratar de um assunto e que o comboio da Beira Baixa só o traria de volta cerca da uma da manhã, dirigiu um lânguido olhar à Alzira e fez-lhe uma inesperada proposta. Dava-lhe 10 contos se ela fosse para a cama com ele antes de chegar o marido.
Ela saiu da sala esbaforida e voltou pouco depois com um enorme facalhão, com ar ameaçador.
Disse ao Alberto que até não lhe desagradava a ideia, mas que jamais faria nada sem que o marido concordasse. Por isso, iriam esperar pela sua chegada e ela perguntar-lhe-ia se ele a autorizaria a aceitar o negócio.
O Alberto, aflito, ainda lhe pediu várias vezes para ela esquecer a proposta que num momento de loucura ele lhe fizera.
Mas a Alzira estava decidida! Apontou-lhe a faca perto da garganta. Esperariam e ela faria aquilo que o marido achasse melhor.
Por volta das duas da manhã, o João entra em casa, beija a mulher, olha o Alfredo compungido e encolhido a um canto e perguntou o que se passava.
- Aqui o nosso amigo Sr. Alberto fez-me uma proposta muito interessante! - disse a Alzira.
- Ofereceu-me 10 contos para nos comprar aquela mula velha e meio cega que temos no quintal. Mas eu não quis decidir nada sem tu vires. Resolve tu! – continuou ela, dirigindo-se ao João...
O Alberto, até aí, calado e assustado, fez um sorriso rasgado, virou-se para o João e disse-lhe:
- A D. Alzira está equivocada Sr. João. Eu ofereci foram 15 contos.
O João, espantado, tartamudeou para a mulher:
- Oh Alzira, então era preciso esperares por mim? Aquela pileca nem um conto de réis vale, mulher!
Olhou o Alberto e disse-lhe:
- Meu amigo, a mula é sua! Dê cá os 15 contos!
No dia seguinte, o Alberto arrastou a mula por uma corda a caminho da fronteira. Dois quilómetros mais à frente, puxou da pistola que habitualmente trazia consigo, deu dois tiros no animal e encaminhou-se à estação de Fatela para apanhar o comboio...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações

Estas checas vão-me ajudar...

... a explicar-vos a diferença entre um museu do erotismo e a minha colecção de arte erótica.
Este museu do erotismo que elas apresentam é em Praga. É o Museu das Máquinas do Sexo. A minha colecção, embora tenha uma ou outra peça de brinquedos sexuais, é de arte erótica.



Agora... algum gajo ou alguma lésbica viu mais do que duas checas boazonas?

Hip! Hip! Hurra!

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29 janeiro 2011

Sol posto


Viu-a sair da porta com a certeza absoluta de que saía da sua vida também, mas nada fez para a impedir. Achou que precisava de decidir e ela não deixava porque sempre que ele pensava ela interrompia e o barulho que fazia era algo que impedia um pensamento de fluir.
Preferiu deixá-la sair, sem alarido, sem luta, pois não tinha nada em disputa que o motivasse para tentar barrar-lhe o caminho, apetecia-lhe ficar sozinho por algum tempo e isso proporcionava-se naquele momento em que ela agiu em conformidade com a dura realidade da sua relação moribunda, a vontade ausente, perdida, o hábito e pouco mais a justificar a presença de qualquer deles naquela ligação interrompida por alguma razão, ou várias, que nem conseguia agora encontrar por entre as vagas memórias do muito que correra mal.
Preferiu aceitar o final e entendê-lo como o mais lógico corolário de um amor cujo inventário há muito denunciava a escassez, sentia que perdia mais de cada vez que insistia e depois ela não saía mas apenas se prolongava de forma artificial um romance que correra mal logo à partida, anunciando a despedida que nem chegaria a acontecer porque ele preferiu deixá-la sair sem uma palavra proferir que pudesse levá-la a resistir ao apelo que esboçara ao longo dos meses em que bocejara o seu enfado indisfarçável e lhe provou ser inviável a manutenção de um amor sem emoção, abaixo das expectativas criadas.
Deixou correr as águas passadas e concentrou-se, apoiado no parapeito da janela, no horizonte de onde o sol se preparava igualmente para partir.

Hálito

Ficou-me na boca
o hálito dos teus beijos
-naquele final de tarde-
não mais resistindo
ao apelo instintivo
de nos amarmos.
Um dia seremos
as fiéis testemunhas
de nós próprios.

Poesia de Paula Raposo

Aprendam a dançar com uma mulher árabe

Pesca



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28 janeiro 2011

Eu e a Naomi Wilzig

Este artigo da UOL sobre o WEAM (World Erotic Art Museum) fez-me lembrar as minhas desventuras quando comecei a adquirir peças para a minha colecção nos leilões do eBay norte-americano (agora já há eBay em muitos outros países).
As melhores peças eram todas açambarcadas por uma tal de Miss Naomi. Se eu oferecia, por exemplo, um máximo de 200 dólares por uma peça, ela ganhava com um valor 5, 10 ou 20 vezes superior.
Fosse quem fosse, era alguém com muito dinheiro e que não olhava a custos para obter as melhores peças.
Entretanto, passados poucos anos, soube da criação do WEAM em Miami (E.U.A.) por uma senhora milionária de 75 anos, de seu nome Naomi Wilzig. Soube então que ela, nas suas viagens, punha uma placa ao pescoço a dizer «Buy Erotica».
São um pouco mais de 1.000 m² com o acervo particular da Miss Naomi, "uma colecção avaliada em 10 milhões de dólares e que reúne 4.000 peças como esculturas, quadros e até móveis". "O WEAM consegue surpreender o visitante com obras que vão desde 300 a.C. até trabalhos contemporâneos. As mais de 20 salas do museu são divididas em temas como antiguidades, culturas orientais, art deco e art noveau, mundo gay e trabalhos mais recentes, como a prótese peniana utilizada no polémico filme «Laranja Mecânica», de Stanley Kubrick".
Como refere o director de arte do WEAM no citado artigo, “o que se vê no museu não é pornografia, é o mundo unificado num acto erótico”.
Aqui vos deixo algumas fotos do WEAM:


E eu? Quando terei um espaço aberto ao público com a minha colecção, com mais de 2.000 peças e de 1.600 livros? Como costumo dizer, tenho peças que a Miss Naomi gostaria de ter...

Mistério bíblico

Será que quando o cabelo de Sansão foi cortado por Dalila ele também perdeu a força na pila?

Tradução de Mulher

Não precisei de ter um filho; eu fui mãe no recreio da escola, mãe do menino que jogava à bola e caiu, fui beijar onde doeu, embalei quando perdeu; mãe e mulher ainda menina e só o colo me cresceu. Quando parou de doer, o menino continuou a correr, já cansado sentou-se no muro, ao meu lado estava sempre seguro, veio comer o pão com queijo, nada de mais, dividiu como quem dá o beijo, menina e mulher, amante antes do desejo sequer nascer. Fui amiga, fui rapaz e fui rapariga, irmã, fui namorada, fui a filha endiabrada, a cúmplice de mão dada, fui tudo antes de o ser. E agora, que perdi o rapaz do recreio da escola - esse tempo faz o peito crescer - ainda o encontro no peito do menino-homem que me chama para ser mulher.

preliminarmente...

A coisa passa-se assim: mulher que é mulher tem de mexer comigo. Tem de haver ali alguma coisa entre a sugestão e o pecado, com laivos de poesia à mistura, que lhe deslize pelo corpo, que lhe escorra pelos dedos e que desabroche num sorriso.

Tem de haver curvas, claro, mas curvas de nível, como coisa inusitada mas persistente. Localizadas, certeiras, previsíveis e, ainda assim, contendo em si o mistério de um poema, deixando depois a cada um e a cada gosto o sentido da justa proporção das coisas.

E tem de haver, também, saboneteiras, como dizia o velho Vinícius de Morais, que mulher sem saboneteiras é senhora de menos graças. E os joelhos são fundamentais, de personalidade definida mas sem imporem a ossatura; tal como a curvatura interna da coxa, essa inefável raiz da coxa, – tem de se impor pela suavidade do contorno, mas é imperativo que ele marque presença. E aí então, ao toque, deve prevalecer um arrepio de veludo, apenas perceptível de olhos semicerrados.

No percurso dos seios até às nádegas, a óbvia e necessária sugestão de violoncelo. E as coxas, depois, devem ser pródigas, parideiras, mas nunca excessivas. Por isso as nádegas devem desenhar-se em espaços algures entre o pêssego e o sonho e afirmarem a sua presença gloriosa depois de uma cintura bem marcada.

Entre o umbigo, o ventre e o monte de Vénus deve existir uma cumplicidade de vales e colinas, onde cada elemento se complementa e se sequencia como regra constante do universo, como valsa impossível em vergel inventado.

Sempre a barriga da perna deve conter a simetria com a sua irmã gémea, num sobressalto claro do joelho, que a anuncia, e do artelho, que a remata, e com proporções tais que façam empalidecer de inveja as colunas gregas da antiguidade clássica.

E pode até haver marcas da guerra dos dias, refegos de parto ou de assim ser, vincadas, ténues ou profundas, como a Vida, mas tudo deve assumir a volúpia de ali estar apenas porque sim e serem assumidas e servidas, sempre em regime de profundo e assumido voluntariado, à mesa ou à cama ou, mesmo, no tapete da sala ou, ainda, no desconchavo anárquico de uma súbita urgência, no esplendor da relva de um jardim ou de um esconso discreto de escada, como no rebordo rumorejante da onda salgada, mas indubitavelmente como uma bandeira de carne e coração na explosão de um momento.

Tem de haver essa conjugação de sentir, de querer, de estar e de partilha, de se dar tanto ou mais de quanto se recebe, no turbilhão que afoga os corpos e os liquida em êxtases de volúpia. Mulher com reservas de pudor, mentais ou físicas, é – como acontece com o homem – o inevitável acto falhado, a infelicidade do desperdício, a comédia triste do melodrama.

Os fluidos devem fluir… fluidamente, na exacta apetência dos sentidos, no fulgor inexcedível da circunstância, na fruição da natureza em grito a plenos pulmões, nem que seja sob a forma de um murmúrio, de um espasmo gorgolejante, de um ai que mal se entoa.

E a mulher é feita também de cabelos. Curtos, compridos, lisos, ondeados, encarapinhados, fulvos, morenos, alourados, onde os nossos dedos se emaranham, se embaraçam na tepidez da nuca. E uma leve penugem, também, que sobrevenha em recônditos descobertos de um corpo, pode ser factor determinante.

Em tudo, aquela cadência de veludo, ao correr dos dedos e uma mistura de quente e de frio só decifrável nesse nível de impressão digital deixada muito levemente sobre a pele.

E depois há sorrisos, cúmplices de olhares, que só existem quando a mulher é.

E aí se realizará um momento perfeito.

Senha e contra-senha


Ravina


1 página

oglaf.com

27 janeiro 2011

Um repentino pensamento libertador

Pôs a mão esquerda no bolso interior direito do casaco e, como esperava, encontrou-o vazio. Com os lábios cerrados, expirou pelo nariz e tentou lembrar-se onde guardara o papel com o número de telemóvel. Nada. Então pensou que as coisas já não se fazem assim, que agora se troca de números com um toque de um telemóvel para o outro. Mas eles não haviam feito isso, ainda que não soubesse porquê.
Olhou para o seu telemóvel pousado na secretária, primeiro com o absurdo desejo de que o aparelho tocasse, depois com a inútil esperança de que por se fixar nele se lembrasse onde guardara o papel e, por fim, com a absoluta certeza de ter perdido o papel e de nunca mais voltar a falar com ela.
“Ela pode ligar-me”, desdramatizou ainda a olhar o aparelho. Agarrou-o e, com dois toques, desbloqueou-o para verificar que estava ligado, que tinha rede, bateria e não estava no silêncio. A confirmação do estado de prontidão do aparelho não o alegrou, pelo contrário, sem saber porquê, deu-lhe a certeza que não seria ela a ligar-lhe.
Largou o telemóvel ao lado do portátil onde escrevia e viu o punho da camisa branca com riscas azuis e a manga azul escura do casaco pousada sobre a secretária. “Eu não tinha este casaco”, afirmou para si, movendo os lábios sem emitir as palavras. “Tinha uma camisa branca, lisa” pensou. Rolou a cadeira para trás e constatou que as calças azuis não eram as mesmas que usara no dia anterior. “Eram as castanhas”, sorriu sem alterar a expressão, “e o casaco era o castanho.”
Esqueceu a manga azul e fixou o sucedâneo de folha branca que brilhava no ecrã. Sorriu. “O papel ficou no casaco de ontem”, acreditou. “Logo ligo-lhe”, decidiu e parou de escrever.


O título do post, "Um Repentino Pensamento Libertador", é o título de um excelente livro de Kjell Askildsen, editado pela Ahab.

Eu gosto de pessoas


Aprender

«Hã? (ou como deixei de escrever no blogue da São)» - AnAndrade

"Somos amigas e ela desafiou-me.
É esta a única razão por, há uns meses atrás, ter aceitado o convite que a minha amiga São Rosas me fez, para escrever no blogue que dirige magistralmente, blogue esse que, como ela bem sabe, não é bem a minha praia. Mas é dela e isso bastar-me-ia.
O blogue da São é um blogue erótico (e, portanto, expressamente anti-pornográfico), onde ela achou que cabiam alguns dos textos que por aqui vão sendo publicados, sobretudo os que focam as relações, os amores, desamores e outros sentimentos. De resto, foi sempre ela quem os escolheu: lia-os, comentava-os e, a seu pedido, lá os publicava eu no A Funda São.
Depois... bom, depois, bastava-me estar atenta aos muitos disparates que iam sendo ditos por lá, com raras e honrosas excepções (mesmo porque, quando nos chateiam a moleirinha, temos tendência para sobrevalorizar a bestialidade e esquecer quem nos acarinha), para começar a ripostar. Porque não me lembro de uma única vez em que não tenha sido sobejamente mal interpretada. Como lhe dizia ontem, quando lhe pedi a demissão, a sensação que sempre tive é que há um qualquer limiar lexical, que eu não transponho, e que os faz ler X onde eu escrevi, claramente (ao menos para mim e para os leitores do Câimbras ou do Persuacção) ABC.
Provavelmente, à boa maneira portuguesa, boçal e preconceituosa, pensa-se que quem escreve num blogue assumidamente erótico anda à procura de qualquer coisa. Eu não andava. E também não me apetecia encontrar ataques pessoais, interpretações e generalizações abusivas, assédios sexuais, incorrecções profissionais e outras enormidades que, maiores do que a minha paciência, me levaram a optar por encontrar-me com a São noutras paragens.
Portanto, para ti, é sempre um até já, São.
Porque és uma senhora como poucas.
E porque é sempre um prazer estar por perto e participar da tua liberdade, mesmo que alguns não a saibam respeitar.
AnAndrade"

26 janeiro 2011

Deixa-te amar

Deixa-te espalhar, pelo vento, pelo ar, voa até a um tempo onde possas descobrir a essência que deste por perdida, a inocência que dizes esquecida mas que te retrata no olhar a menina que nunca te quis abandonar e sempre que ris se manifesta, aproveita aquilo que te resta depois do desperdício que às tantas se tornou num vício que a preguiça te impôs.

Deixa-te flutuar, sem pressa, pela superfície do mar, como se fosses uma mensagem enviada por alguém, embarca numa viagem que te faça bem e aproveita para esqueceres ao longo desse rumo os deveres a que te obrigam os outros, soprados como fumo pelo vento, pelo ar, até um tempo em que conseguias acreditar no amor verdadeiro e te permitias suspirar um dia inteiro a lembrança de um rosto capaz de te fazer sentir feliz, aceita o que te diz quem te recomenda que te deixes ir, espalhada em partículas tão pequenas que ninguém consiga perceber que és tu quem o vento transporta, talvez até à porta de um castelo no passado ou de um refúgio que sintas sagrado no futuro que deves abraçar como o único sentido para onde apontar a tabuleta que sabes trazer inscrita no teu coração adormecido, para onde o vento te levar, a bem contigo e com os outros para poderes distinguir os poucos que te sirvam na difícil tarefa que na verdade terás que aceitar, a felicidade por encontrar e tu parada à espera de uma coincidência afortunada, devagar, quase parada nessa promessa adiada de que tudo se resolverá por si.

Deixa que se apodere de ti uma energia imensa, liberta essa vontade intensa que te quer arrastar, pelo vento, pelo mar, até um momento em que te percebas renascida enquanto mulher com amor pela vida e possas por fim reagrupar tudo aquilo que deixes agora espalhar como semente e que te fará regressar nesse preciso instante à forma original de uma flor exactamente igual àquela que um homem apaixonado terá com a sua mão abraçado com a gentileza devida.


Pouco antes, ou mesmo no momento de te ser oferecida.

Despertares, meu amor, despertar

E só agora, só hoje, eu sei,
entende, que te perdi ao acordar;
mas sabes, meu amor, se eu acordei
foi de tanto me dizeres que estava a sonhar.

E por tudo o que sei que apenas nos sonhei
(e quando só um sonha, meu amor, é distante o despertar)
saberás que, sim, foi sempre em sonho que nos deitei
mas sempre acordei, entre nós, o verbo amar.

Monitor de Estragos

Processamento de emoções discretas, cinto que aperta peitos por baixo da pele.
Supremo todo em corda vibrante paralela. Confusa falta do tronco onde fortes tentáculos envolvem a par do suspiro.
Sim!
Súplica. Maravilha abandonada em areia movediça. Morreu. Transformou-se.
Porta fechada em pranto de agonia fora do espectro da cumplicidade que ninguém entende.
Purgatório.
Processamento de emoções discretas... Torno sádico que aperta a par e passo o que a bigorna não esmagou.
Renascer.

Casa Pia: o volte-face



HenriCartoon

Postalinho do Rui Pato

"Painel publicitário à porta do Jumbo, em Coimbra.
Rui Pato"

Século passado



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25 janeiro 2011

Tranças de papel

Acho que foi ali que tudo começou. A escola era a primeira, as aulas acabavam e os adultos tardavam, esperava até que ficava sozinha naquele espaço cheio de utopias. Tinha tranças e vestidos de várias cores, a pasta encostada à parede, os minutos passavam e as histórias começavam a chegar, as histórias devem nascer sempre da imaginação e a imaginação deve nascer da distracção que surge do olhar perdido entre pedras e nuvens e dos cheiros bonitos que depois guardamos na memória; os cheiros bonitos da escola devem ser como papel daquele que forra as nossas gavetas com alguma doçura, mesmo que se tenha que ali guardar algo difícil, doloroso, aquele papel está sempre lá e suavizará as cores mais feias. Andava em círculos, o corpo imóvel era incapaz de conter a dimensão dos pensamentos, andava em círculos e os sonhos corriam a bom correr, escrevia histórias no ar que ninguém poderia ler. Gostava daquele tempo de espera, esperava sempre que os adultos se esquecessem de mim ali mais uma hora ou duas, queria muito aqueles momentos para construir os meus castelos. Achavam estranho que eu andasse em círculos, diziam que um dia ainda abria uma cova no chão; os adultos são estranhos quando determinam o que é estranheza, as suas vidas são absolutamente circulares e faz muito que já abriram covas no chão das quais nunca saem ou sequer espreitam para fora. Já não ando em círculos, sento-me para escrever mas sempre que escrevo é ali que tento voltar, à porta da escola, ao sonho guardado pelos minutos que passavam enquanto esperava a mão terna que só não me levava a casa porque eu tinha a casa em mim.

«toda esta tesão»? esta? esta? oh senhores!



a música tem a sua piada.
mas remeto A Caruma para o Priberam:

tesão

(latim tensio, -onis)

s. m. (substantivo masculino)
1. Rijeza.
2. Fig. Força, intensidade.
3. Ímpeto.
4. Embate violento.
5. Cal. Entusiasmo passageiro.
6. Cal. Desejo sexual masculino e feminino.
7. Cal. Erecção!Ereção do pénis.

Instinto

Não sei calar o que sinto.
Ligo-me ao teu corpo
e deslizamos suavemente
nesta aventura de sermos.
Amantes?

Certamente que o sinto;
as emoções não me largam
e eu prometo voltar
sem conseguir calar
qualquer palavra.
Voam as palavras
e os beijos são o instinto.

Poesia de Paula Raposo

Pranchas originais de banda desenhada erótica

Adoro estas duas pranchas originais (duas páginas seguidas da mesma história), que estão agora juntinhas a todas as outras da minha colecção.


24 janeiro 2011

«Estranged Sex» por Sandra Torralba





Estas são só algumas das imagens do trabalho «Estranged Sex», da fotógrafa Sandra Torralba.
Segundo a artista, com este trabalho propõe “uma reflexão sobre os tabus sexuais, a desconstrução da pornografia, a naturalização do que é humano e a normalização dos alienados, a legitimação da bondade da sexualidade feminina e da sua compreensão como algo amplo e completo. Eu estou a desafiar os limites estabelecidos na sexualidade e a desafiar a obsessão compulsiva da sociedade de controlar, condenar e restringir a natureza humana.”
Recomendo a visita.

Notícias fictícias da vida aos quadradinhos

Embora a causa de morte oficial do Super-Homem tivesse sido uma overdose de Viagra, a viúva meteu em tribunal um fabricante de roupa interior por este ter omitido na etiqueta a presença de kryptonite no tecido das cuecas que o defunto trazia vestidas quando se verificou o óbito.

Tatuagem

Um dia.
Quando a pungente concentração de vontade publicar a maravilha, as estrelas deixarão de comunicar em sentido único.
O dilacerar da garganta sem que por isso profira qualquer vocábulo, deixará de passar despercebido ao inexistente abraçar nocturno. Porque já não o é. Noutra realidade.
Eu acredito.
Acredito num dia em que as janelas serão desnecessárias porque se transformaram em portas.
Acredito no entendimento enamorado do "Sim", variável de quem importa valores incompreendidos.
Finito que alarga os limites. Ossos que quebram a alargar.
Código de barras que tatua o definitivo no culminar do derradeiro passo. Hoje! Porque confiou. Porque acreditou.
Este dia será assim.
A janela que espreitas será desenhada com traços de cama... no leito do conforto.
E a cumplicidade é completa.

le pauvre Fabien d'Évelyne Louvre-Blondeau



le blog d'Évelyne Louvre-Blondeau

23 janeiro 2011

(Pre)Visões (Era uma vez um dia)

Não vás. Não percebo onde foste
se adormeço e durante a noite
sei que prendes os braços em mim.
A que te poderás encostar assim
dividido em ti? Tão grande corte
é metade ser vida e metade ser morte,
um meio ser do princípio ao fim,
sem dedos, sem mãos, diz sim
e não vás. Não percebo onde vais
se cai a noite e sei que tu cais
sem braços que te contem de mim.
Em quem poderás cair assim
distante em ti? Não sonhes mais
se os dias podem ser iguais
ao sonho no princípio e sem fim,
tens dedos, tens mãos, diz sim
e (um dia) não vás, fica inteiro, caminhante.

«Viagem de metro» - por Rui Felício

Há já muito tempo que não viajo no Metro de Lisboa. Mas reconheço que é um excelente meio de transporte quando se tem urgência em atravessar a cidade de um ponto a outro.
Lembrei-me de um episódio nele passado, quando ainda era jovem, há já muitos anos...

Tinha embarcado em Entre-Campos, em direcção ao Rossio. A carruagem não ia muito cheia. Consegui encontrar lugar sentado, acomodei-me e tirei da pasta um livro que andava a reler, do Processo de Franz Kafka.
Já o tinha lido algumas outras vezes e de cada uma que lia era-me possível imaginar um destino diferente para o Sr. Kafka.
Olhando por sobre as suas páginas amareladas, pude observar poucos metros à frente, num daqueles bancos de costas para as janelas que alguém inspiradamente baptizou de “banco dos palermas”, uma linda e elegante morena de olhos negros. Discreta no vestuário mas suficientemente bonita para que se destacasse entre as demais mulheres que viajavam na carruagem.
Durante a viagem, por uma vez ou outra arrisquei-me a fitá-la. Fui surpreendido por um olhar de retorno e um disfarçado sorriso. Foi no meio dessa troca de olhares que na estação do Saldanha entrou um homem de avançada idade, casaco coçado de tamanho bastante maior que o corpo franzino que envolvia , trazendo na mão uma Bíblia de capa tão carcomida e antiga que cheguei a pensar se não se trataria de um original das sagradas escrituras.
O homem, postou-se em pé em frente ao “banco dos palermas” e começou, em altos brados, a apregoar a mensagem de Cristo, levando à letra a recomendação de “ide e espalhai a boa nova em toda a parte!”. Percebia-se a frouxidão da sua dentadura postiça, o que lhe dificultava a dicção.
O seu arengar era acompanhado da saída ininterrupta de gotículas de saliva com que, entre uma palavra e outra, salpicava os seus involuntários ouvintes.
Mas eu estava mais preocupado era em não perder de vista aquela bela mulher. Peguei num lenço de papel que trazia no bolso e rabisquei rapidamente o meu nº de telefone... Já próximo do Rossio, levantei-me, enchi-me de coragem e, antes de sair, entreguei o lenço àquela mulher.
Ao mesmo tempo, o velho pregador entusiasmou-se no sermão e disparou contra a formosa mulher, um consistente e avantajado perdigoto, que a atingiu em cheio na testa.
O comboio já começava a abrandar para a entrada na estação do Rossio.
Ela com um sorriso constrangido, aproveitou o lenço de papel que eu lhe dera, desdobrou-o e antes que eu esboçasse qualquer reacção, esfregou-o na testa limpando o cuspo com que o pregador a tinha atingido durante a prelecção.
Virou-se para mim e disse-me educadamente:
- Muito obrigada, senhor...
E devolveu-me o papel! Sem sequer se ter apercebido que eu tinha lá escrito o número de telefone!
Do lado de fora da carruagem, em plena estação, vi o comboio arrancar de novo. Através da janela,vi, a distanciarem-se, aqueles belos olhos negros, aquele lindo sorriso e aquele enorme borrão de tinta azul que lhe ficara a manchar a testa.
Na minha mão, o lenço de papel amassado, com o número de telefone esborratado, que ela, com cortesia, me devolvera.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações

«Infinitamente Maio»

Ficção de Marcos Jorge e Cacau Rhoden - 2003 - 19 min

Amor, traição, vingança, sexo e morte (não necessariamente nesta ordem) causam uma reviravolta irreversível na vida de quatro pessoas.



Link directo para o filme aqui.

Sempre podem ir-se revezando... digo eu...

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21 janeiro 2011

Eleições: os quadrados e as cruzes...


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A posta que chovem carapuças (carapiças?)


Uma das cenas mais giras de acompanhar em blogues são as trocas de piropos entre casais desavindos. Neste domínio encontramos alguns exercícios brilhantes de escárnio e maldizer, acrescidos em dificuldade pela absoluta necessidade de dizer tudo o que é preciso para quem conheça consiga identificar o/a outro/a (sobretudo o/a próprio/a) sem contudo a coisa ficar escarrapachada em demasia para não tombar pela base a pala de absoluta e recíproca indiferença que tanto se esforçam por construir.
São intensas, mais até do que muitas ainda a decorrer, estas ex-relações amorosas trasladadas na sua qualidade de mortas-vivas para a plataforma blogueira. Transpiram emoção, ainda que alegadamente negativa, e constituem obsessões tão óbvias que cedo ou tarde acabam por se verem traídas naquilo que de mais importante existe para os/as autores/as: a camuflagem do seu verdadeiro sentir. E por vezes essa mascarada de carnaval pobrezinho até inclui sólidas referências à sinceridade e ao cariz genuíno de quem tantas vezes repete a ideia do ódio de estimação que quase acredita nesse estatuto por parte do alvo a abater.
A malta desunha-se a escrever quando não aguenta mais o faz de conta e por impulso (mais ou menos controlado) avança para o teclado com a loucura estampada no olhar.
Depois publicam-se as postas, ainda a ferver, e nem se aguardam uns minutos até ser possível matutar a sério acerca das palavras disparadas para a página branca no monitor. O desprezo desejado a tentar esconder por detrás o amor que custa sempre muito a morrer, as palavras com vontade de fazer doer porque a saudade abre a ferida e as memórias provocam imensa comichão e depois surge em cena a vontade da vingança que resulta sempre porque se sabe que o/a outro/a nunca perde pitada.
E a cena fica ainda mais marada quando se equiparam no calibre os oponentes, tanto na intensidade dos sentimentos como na capacidade de os reflectir num texto tão curto e contundente quanto seja possível obter.
Numa altura em que já ninguém pode esconder a sangria da blogosfera para a rede social da moda, onde toda a gente acha que tem que se estar, é sempre uma alegria encontrar estes prodígios da escrita rebuscada que se vê utilizada como artilharia, num bombardeio constante que para quem veja de fora é claro enquanto inconsequente e nunca existe um vencedor.
E ainda se torna mais fascinante quando identificamos os protagonistas dessas conturbadas mas intermináveis histórias de amor.

Presente no passado

Continuo, só por nada, por nadas, a espreitar
talvez passe um dia, até dois, ou mesmo três
mas ainda não, ainda não, não será de vez
este dia de hoje em que perdeste o meu olhar.
Talvez já nem me sintas, como antes, observar;
como antes, ainda sentes o que não me vês?
Já aqui não mora o sim, ou sequer o talvez;
espreito a tua janela, apenas, já não quero entrar.
É olhar apenas, como se estivesse a recordar
no presente, a memória esconde-se na timidez
de um olhar fora de tempo, esta triste nitidez
desenha os porquês que a memória quer apagar;
ou talvez um dia alguém te consiga explicar
que te quer ver bem pelo bem que não te fez.

Take away


E ainda se tem de pagar.


Tudo tem a sua época própria


Solstício


2 páginas (clicar em "next page")

oglaf.com

20 janeiro 2011

O testemunho

– E a senhora ouviu alguma vez o senhor A. dirigir alguma palavra incorrecta ou ter alguma atitude deselegante com a mulher, a senhora B.?
– Nunca!... Ele era um marido que aceitava tudo, era um paz de alma. O senhor A. era um burrinho à chuva.
– Um burrinho à chuva?!
– Sim, um burrinho à chuva. Até lhe vou contar um episódio, só para a senhora doutora ver como ele era com a mulher: eu uma vez fui lá a casa e ele estava a arear os bicos do fogão… Veja bem, a arear os bicos do fogão. Ela na sala a ver a novela e ele cheio de brios e cuidados de volta dos bicos. E eu disse-lhe, doutora, eu disse: Ó Cilinha (eu tratava-a por Cilinha… Por Cilinha, doutora, veja bem como eu gostava dela, nem lhe chamava Raimunda nem nada)…
– Não estou a perceber, a senhora não se chama Raimunda?
– Eu?! Eu não, Deus me livre!
– Eu sei que a senhora não se chama Raimunda…
– Graças a Deus e aos meus paizinhos.
– Seja. Voltemos aos factos.
– O facto é que ela não gostava, doutora, não gostava nada. Chamar-lhe Raimunda era pior que cuspir-lhe.
– Pronto, já percebemos. Essa parte do nome está esclarecida, D. Engrácia Genoveva. A senhora estava a dizer que lhe tinha dito…
– Sim, eu disse-lhe: “Ó Cilinha, quem me dera a mim ter um homem que me tratasse dos bicos como o teu… Que regalo. Olha para aquelas mãos tão cuidadosas de volta dos bicos, mulher, a rodeá-los com tanto cuidado, a esfregá-los com tanto carinho. Quem me dera que alguém me esfregasse os bicos assim…”
– E ela?
– Ela?! Ela virou-se para mim e disse-me: “E nunca o viste tu de joelhos a passar-me o corredor a pano”.
– Diga?
– Digo, doutora, digo… mas nisso ele não era tão bom.
– Desculpe?
– É verdade, eu até acho que ele tinha uma fixação por bicos, está a ver?… Para o resto não lhe puxava tanto.
– Ainda está a falar do fogão?
– Do fogão?! Ah, sim, sim, do fogão. Pois, dos bicos do fogão, ele estava a areá-los.

Pesquisa de imagens Google está ainda mais interactiva

Edito Estrelas

O Crescente Fértil não é o pénis de um pai de uma família numerosa.

«Corporate Occult» - Huoratron


"CORPORATE OCCULT" Huoratron Music Video from Cédric BLAISBOIS on Vimeo.

Valha-nos a batina



HenriCartoon

19 janeiro 2011

Do amor, segundo os meus alunos e não só

Um dos temas que os meus alunos de Pensamento Crítico em avaliação contínua mais escolhem, no âmbito dos textos argumentativos que têm de escrever, é o amor dito romântico. Sobretudo os de primeira matrícula e, dentro destes, aqueles que, porque são alunos de Direito na Universidade Católica do Porto, têm todas as certezas e repudiam quaisquer dúvidas (o que lhes vai passando, com a idade e a experiência), dissertam assertivamente sobre o que era o amor "antigamente" (mas há um "antigamente", para miúdos de dezoito anos, no que toca ao amor, ou somente um saber-por-ouvir-dizer, acrítico e heterónomo?) e o "desastre" em que se tornou hoje.
E porque as pessoas abandonam casamentos sem pensar, e que no tempo dos avós é que era em grande, porque os matrimónios eram para a vida toda (as/os amantes também, mas isso não ouviram eles dizer) e as pessoas eram felizes como tudo e não havia primos homossexuais (pois não, os que o eram tinham mulher/marido e filhos e amantes como os hetero-) e (já agora) o Natal era uma maravilha porque havia espírito familiar e consumismo zero e patati-patatá e trecolareco.
Quando leio estas atrocidades, apetecia-me fechá-los comigo numa sala e perguntar-lhes quem lhes mentiu tanto. E dizer-lhes que, se calhar, os avós e pais e tios que lhes contam estas patacoadas sonharam toda a vida em viver num país onde o divórcio fosse permitido ou numa cidade grande, onde não fosse uma vergonha trocar o marido ou a mulher por um/uma namorado/a. E que não tem mal algum pensar em amores em vez de no Amor, porque este tem várias caras e vários tempos e não dura para sempre. E (já agora), lembrar-lhe que hoje cada um vive o Natal como quer e que o espírito familiar não é inversamente proporcional ao consumismo, e que se na casa deles só sentem este último e nem réstea daquele, se calhar é melhor aproveitarem a consoada e terem uma conversa comprida, daquelas que as famílias à séria devem ter sempre que há uma chatice, com ou sem consumismo.
E, já que estava com a mão na massa, juntaria aos meus alunos um certo amigo, que acha que ficar com alguém de quem deixou de se gostar é altruismo: não se sente bem com a situação, mas tudo é melhor do que dar ao outro o desgosto de ficar sem a sua insuperável presença (porque isso seria, lá está, egoísmo, o que provavelmente constitui pecado mortal).
Fecharia a porta e deixá-los-ia a falar sem uma professora ou uma amiga a avaliá-los. Podia ser que, entre adolescentes e trintões, chegassem a uma qualquer conclusão, sem me porem com taquicardias nem vontade de lhes dar um valente puxão de orelhas.

Pure chess

- Ó Cavalo das Brancas, porque é que a vossa Rainha deu à sola quando o nosso Bispo se aproximou dela?
- Ela assustou-se, Torre das Pretas, porque ele já a comeu à grande noutro jogo e hoje os serviços secretos avisaram-na que ainda por cima agora anda a tomar Viagra ao pequeno-almoço....

Pelo Meio Sorri

Sorri.
Enquanto contigo e de mim o faço.
Pela procura e pela troca, pelo nevoeiro que me surpreende.
Pela protecção que alguém precisa. Pelo conforto que alguém me pede.
Pela segurança que alguém me exige. Pelo amor que alguém me espera.

Pelo meio sorri.
Pelo menos uma vez. Pelo menos em cada gesto.
Por ti que ainda não entendes. Por mim pela satisfação.
Por quem te espera e não sabe. Por quem te espera e não sabes.
Por momentos e por tempos. Pela face e pelo corpo.
Pela mente e pelo coração. Sorri com emoção.

Pelo meio sorri.
Porque me ensinas. Porque te mostro.
Porque explicas. Porque te vejo.
Porque é bom. Porque te faz bem.
Porque queres. Porque quero.

Pelo meio sorri.
Sempre e para sempre. Hoje, amanhã e nas memórias.
Aqui, ali e em qualquer lugar.
Comigo, contigo ou com os outros.
Por temas, por lemas ou por nada.

E por último... Sorri.

Derrotas

Nunca te disse uma só coisa. Magoa,
sim, magoa, acredita. Eram todas
ao mesmo tempo; os meus rios
nunca tiveram margens. Lisboa
sorria-me; tu, parado, só acenavas
e eu corria para ti. Mas os teus lábios
eram margens estreitas de uma lagoa
triste de lágrimas, gotas encurraladas
e agitadas por muitos dedos frios.
E agora, diz-me, quem nos perdoa,
quem nos devolve as mãos penduradas,
casacos velhos em armários?
Nunca te disse uma só que me doa
assim, esta dói mais que todas as outras,
eu vejo-te rir e os teus olhos estão sérios.


wish upon a star...



Webcedário no Facebook

18 janeiro 2011

Edito Estrelas

Nem todas as veias de um púbis não depilado podem ser automaticamente consideradas vasos capilares.

Facebook things (or not!)



(que eles lá no livro da face é tudo 'ssoas bué de púdicas! humpf!)

a Cova FUNDA!


com novos sabores (hummm)


pode ler-se: «no Covas sem os 23%»

tudo para se aFUNDAr sem mais não. onde? na Cova poi' claro!

Amor que faço

Quero que escrevas
no meu corpo
a mais bela
canção de amor;
que me dedilhes
incessante
todos os poros
que se abrem às tuas mãos.

Quero que escrevas
na minha boca
o mais belo
poema de amor;
que me pintes
colorindo
a boca
que se abre aos teus dedos.

Poesia de Paula Raposo

Base de copos da cerveja «L'Alsacienne Sans Culotte»

Obrigada, Daisy e Alfredo, por esta vossa prendinha que me trouxeram de Colmar. Mais um miminho vosso para a minha colecção.

17 janeiro 2011

Eu gosto de animais

Foto: Shark

- Juro, querida! Fiquei retido em Orly por causa do mau tempo e por isso tive que deixar lá a carga, fui lá agora passear com cegonhas francesas...

A carta da não-monogamia

Franklin Veaux já nos tinha surpreendido com o Mapa da Sexualidade Humana.
Agora elaborou esta análise gráfica das relações humanas. Confusa, como a própria realidade:



Mapa da não-monogamia

(crica na imagem para aumentares a coisa)

"A minha conta no Facebook foi desactivada. Podem informar porquê?"

"Olá,
R.I.P., Facebook
Após analisarmos a tua situação, determinámos que violaste a nossa Declaração de Direitos e Responsabilidades. Tem em atenção que a nudez e outros conteúdos sexualmente explícitos não são permitidos no site. Além disso, não permitimos que os utilizadores enviem mensagens que sejam sexualmente sugestivas ou que outros utilizadores possam considerar incómodas. Não nos é possível reactivar a tua conta por nenhum motivo. Esta decisão é definitiva.
Agradecemos que tenhas contactado o Facebook.
Beatriz
User Operations
Facebook"

Acabou assim o Clube de Membros e Membranas do blog a funda São no Facebook, que já contava com 940 inscrições.
Há quem se reinscreva no Facebook. Eu não o farei. Por vários motivos:
1) O Facebook é claro quando põe como condição de uso que não tolera "nudez e outros conteúdos sexualmente explícitos". É a regra. Como não tolero esta intolerância, tenho um excelente remédio: deixo de usar o Facebook;
2) Até agradeço que me tenham desactivado a conta. O tempo que aquilo me tomava era demasiado. Só por respeito à malta que por lá aparecia e comentava é que eu mantinha ainda a conta.
3) Também havia a desvantagem de ter os comentários em diferentes sítios. Assim, passam a estar só no blog, que é onde devem estar.
4) Quanto a mim, o mais grave do Facebook é a forma desavergonhada como os donos daquilo e os seus funcionários acedem ao que as pessoas publicam. E não só. Às mensagens que por lá se enviam e as pessoas julgam que são privadas. Tenham muito cuidado.
Pela parte que me toca, "rest in peace, Facebook" (sim, sim, "o resto da piça", em português).

E depois admiramo-nos que tenham olhos em bico!

le non-stop d'Évelyne Louvre-Blondeau






le blog d'Évelyne Louvre-Blondeau