Voltemos ao metro do Porto hoje de manhã. Entro na estação das Sete Bicas em direcção a Campanhã, uma estação depois entra uma das mulheres mais bonitas que já vi na minha vida. Sem exageros. Olho para ela e agradeço-lhe, em pensamento, o facto de ter tornado esta ordinária viagem de metro numa coisa extraordinária. Os olhos dela cruzam-se com os meus e eu desvio-me. Atrás de mim ouço um grupo de rapazes em risadas histéricas que são, obviamente, por causa dela. É uma atitude animalesca, de quem se manifesta fisicamente por ser incapaz de qualquer reacção intelectual à presença duma mulher bonita. Quando ela se levanta para sair, na Trindade, eles grunhem uma última vez. Depois calam-se. Um homem mais velho, embalado por aquela performance dantesca, grita-lhe qualquer coisa como: "Gandas marmelos!". É a primeira vez que tenho vergonha do meu género neste dia. Não será a última.
Chego ao meu local de trabalho e abro o meu email. Um amigo enviou-me um link para uma reportagem sobre abusos sexuais a orangotangos fêmeas na Indonésia. Os animais, uns, são capturados, acorrentados a camas e preparados para a prostituição. Outros, sempre homens, pagam esse abuso sexual. Por um momento faz-se luz. Há qualquer coisa comum nesta notícia e naquilo a que assisti no metro. É a ausência total de emoção e de razão. E isto, meus amigos, só acontece em homens.
No género masculino, há um número significativo de indivíduos cuja vida é totalmente aniquilada por uma hormona. Quando digo vida, digo também capacidade de Amar. É por isso que são sempre homens, os autores das notícias mais escabrosas sobre abusos sexuais. Ponto. As mulheres são diferentes. São melhores, e estranhamente mantêm a capacidade e paciência para viver no meio dos homens. Não as compreendo. Admiro-as.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»