Fiquei a pensar naquela fracção de tempo, "um dia destes", tão pequena quando comparada com a minha vontade estar com ela. Mais pequena ainda do que isso, já que nesse dia se reduziria a um jantar. Lembrei-me duma música que ouvira no carro uns minutos antes, numa rádio que só passa canções dos anos oitenta, e que dizia que "a culpa é da vontade que vive dentro de mim e só morre com a idade, a idade do meu fim".
- Um ano destes ainda havemos de nos Amar os dois! - respondi-lhe.
A partir desse momento perdi a coragem de a fitar nos olhos. Não porque me apetecesse fugir, mas sim porque passei a sentir-me um invasor. Estávamos a lanchar e ela escondera o sorriso tímido por trás duma chávena de chá fumegante. Esperei um pouco e passeei o meu olhar por todos as coisas desinteressantes daquele café de esquina até a ouvir dar sinal de vida.
- Uma vida destas ainda havemos de nos Amar os dois! - insistiu ela.
Foi a primeira vez que demos as mãos um ao outro e durante dois meses vivemos um Amor eterno.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»