"Não sou gajo de fazer balanços do ano que passou no fim do ano, até porque seria muito optimista da minha parte acreditar que apenas o que se passou nos últimos 365 dias faz com que esteja onde estou neste preciso momento. Mas às vezes há pequenas coisas que mudam radicalmente a vida dum gajo. É o caso da supra enunciada pergunta.
Somos gente de hábitos profundamente enraizados. Hábitos que só mudam por força da adversidade das circunstâncias.
Levar no saco é um desses hábitos. Enraizou-se em tempos de abundância e nem o melhor pacote dispensava a sua utilização. O pretérito do verbo dispensar foi intencional visto que agora temos que preterir uma das opções, temos que optar entre levar no pacote e levar no saco. A escolha até parece simples mas tem consequências cuja profundidade desafia os limites da imaginação do comum dos mortais.
É certo que esta a tendência pela opção já vinha ganhando terreno na nossa rotina diária e nós, conscientes disso, sabíamos de antemão quando é que a opção de levar no pacote se impunha e fazíamos os preparativos em função dessa circunstância.
Acontece que a partir do momento em que as rolhas das garrafas de espumante comecem a saltar para dar as boas vindas ao ano que entra, entra com ele a opção levar no pacote e a opção levar no saco, que não desaparece, passará a ser equivalente a levar no pacote mas de forma nada erótica pois perderá a graciosidade de outrora passando a fazer parte do buraco que nos acompanha na nossa rotina diária que já é em larga medida dedicada à sua contenção. É ser como fodido sem a devida provocação.
Como na vida nem tudo São Rosas, às vezes vêm só os limões sem a Rosinha (a dos limões), temos que fazer como a Rosinha (a do pacote): levar no pacote com a mesma satisfação com que ela o faz, pegar nos limões e transformá-los numa bela limonada.
Um Bom Ano e, como alguém disse e muito bem, Fodamos! com a devida provocação"
Paulo Freitas
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