Na sua resignada e imutável sina, ela protege nas profundezas submarinas, com a sua pétrea e disforme carapaça, as liquidas entranhas afrodisíacas que só abre a quem a saiba seduzir.
Era impensável que nesta tosca sepultura o mais delicado e delicioso prazer se acoitasse fazendo estremecer as sensações que as papilas gustativas transmitem a todo o corpo, num frémito de desejo inigualável.
Ela reserva ainda, por vezes, a mais divina, a mais brilhante pérola criada naquele obscuro esconderijo, juntando ao toque, ao gosto, ao cheiro, também o olhar, completando na amálgama dos sentidos o mais orgástico e pleno prazer humano.
Tal como a mulher que amamos, a ostra abre-se e entrega-se só a quem quer.
Só se quer.
Só quando quer...
Rui Felício
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