pois as raparigas azuis são seres cálidos,
outrora abraçadas por Neptuno. são azuis
e etéreas como a massa dos sonhos. cantam
sós, as raparigas azuis, volteando palavras
onde os sonhos não morrem. são assim:
maravilhosas e estranhas mulheres, confim
de si próprias, gravíticas-iluminadas onde
o céu termina e o sol é uma voz distante
no calor que imaginaram. sonham, apenas.
por isso cantam sós: a matéria dos sonhos
é falha de contingência, e de pele. é uma voz
sem eco. uma falhas no movimento perpétuo.
a irrazoabilidade das estrelas, que brilham
mais quando empurram a massa para fora.
para viver, é preciso expulsar o sonho azul
da rapariga que, todavia, canta só. a rapariga azul.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Imagem: pintura de Saatchi