Em causa estavam as pilas do tempo do chora, sempre a queixarem-se por tudo e por nada e a reclamarem direitos que eu, por exemplo, mesmo sendo de esquerda (pelo menos tudo aponta nessa direcção) jamais incluiria no rol de exigências.
Vai daí uma assim mais para o robusto começou a falar mais alto (pois, mesmo entre nós pilas tamanho não é documento mas acaba por ter a sua influência…) acerca do gravíssimo problema das horas extraordinárias.
As horas extraordinárias? Como o próprio nome indica, e sobretudo no contexto das nossas funções fálicas, não podem ser um problema! Reparem, suas pilas murchas: a expressão “horas extraordinárias” contém uma pista importante para lá chegarem sem eu ter que fazer um desenho.
Então mas agora uma pila ia ter horário de trabalho? Das tantas às tantas isto e das tantas às tantas aquilo? Foi logo o que eu disse à tal pila grandalhona: és grande mas não deves ser grande coiso…
As horas a mais são mesmo extraordinárias e por isso não vejo onde está a razão de queixa, excepto para aquele tipo de pila que só cumpre calendário. Chegam ali, picam o ponto e acabou. Às vezes dá a sensação que só pegam ao serviço para tomarem o cafezinho e recolherem de imediato à casota logo a seguir.
Eu sei que pode-se ser chamado ao serviço a qualquer hora do dia e da noite e nessa matéria o coiso agarrado a mim já aprendeu que o meu estado de prontidão é permanente, pareço uma pila bombeira. E ele confia na mangueira sempre à mão para qualquer emergência, não há cá reivindicações.
Sim, reclamo quando há motivos concretos para o fazer. Mas não invento contrariedades onde eles não existem e são raras no cargo que nós pilas ocupamos, este papel na vida que compete a quem nasce ao pendurão mas afinal tem por missão arrastar para a felicidade umas criaturas esquisitas e complicadas que o destino nos impõe.
Por isso não alinho em grupos de pilas e acho que cada uma trata de si.
É que eu sou pau para toda a obra, não sirvo só para fazer chichi.