10 janeiro 2007

Cada tiro, cada melro

Era uma refinada chatice ela não poder tomar a pílula que ficava logo hipertensa e vai daí, depois do primeiro rebento, a ginecologista com a certeza e o rigor de ser o primeiro dia da menstruação lá lhe espetou com o DIU para dentro do útero, tal e qual a prática milenar aplicada às camelas no deserto.

Ela fartava-se de me dizer que aquilo não era uma coisa muito certa e eu, à laia de Dupond e Dupont, diria mesmo que cada tiro, cada melro, pois num ápice foram três abortos, pagos com o dinheirinho de todos os familiares e amigos que eles nem um tostão tinham para mandar cantar um cego.

Resolveram tomar medidas mais drásticas e abasteceram-se de caixas e caixas de preservativos, de cremes espermicidas e até da velha tabelinha das temperaturas, de modo que quando iam para a cama mais parecia que estavam num bloco operatório a passar os instrumentos para uma cirurgia.

Mesmo assim ainda houve uma quarta ocorrência rapidamente tratada na clínica de um médico recomendado pela vizinha de cima que lá tinha ido por indicação de uma colega de trabalho que também o usara por conselho da irmã que possuía larga experiência na matéria.

E antes que as dívidas e o saldo bancário os afundassem de vez resolveram investir numa laqueação das trompas de Falópio que nem se pensava na vasectomia, esse papão que tira a pilinha aos meninos.

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Uma por dia tira a azia