01 julho 2004

Comunhão

Na primeira vez ela guiou-o.
Na primeira vez ele guiou-a.

Estenderam as mãos, elas esperavam-se.
Olharam o corpo um do outro. A certeza que há muito tinham:
Que seria como nunca fora.
Que seria sempre assim.
Que nunca mais seria assim.

Na primeira vez foi deslumbramento, encantamento.
Gestos desajeitados de descoberta.
Gestos encantados de descoberta.

Na primeira vez foi tanto o amor que não coube no quarto.
Ocupou todo o espaço. Escorreu pelas paredes.
Extravasou. Saiu pela janela e inundou a rua.

Foram rua um do outro.
Caminharam um no outro.
E os passos que deram foram peregrinação.
E encontraram um no outro aquilo que se chama fé.

Na primeira vez foram deuses maiores.
E comungaram no corpo um do outro.
A comunhão dos sentidos.
E a comunhão foi amor.

Poema de
(para comungarem com este e outros poemas dela, visitem o blog)

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