Entrou no prédio e foi à caixa do correio, só para ver qual era a conta que era para pagar desta vez. Um envelope branco sem remetente nem destinatário chamou-lhe a atenção. Pegou nele, enfiou-o na pasta e esqueceu-se dele. Entrou em casa. Silêncio… Acendeu a televisão. Notícias, sempre as mesmas. Foi ao frigorifíco e fez uma sandes. Não lhe apetecia cozinhar. Comeu-as em frente ao caleidoscópio de imagens do noticiário para aparvalhar a populaça. Mais uma vez, adormeceu sem convicção.
Quando acordou, já passava das 2h. A caminho da cama, tropeçou na pasta e o envelope caiu ao chão. Pousou-o ao lado do colchão que lhe servia de cama. O sono espalhou-se. Deu voltas e mais voltas. Acendeu a luz. Bebeu água. Pegou então no envelope, já que não tinha mais nada que fazer.
Era uma carta e dizia assim:
"Basta uma palavra tua para acabares com essa solidão. Basta ligares-me hoje até à 1h e amanhã, quando chegares do trabalho, estarei eu à tua espera, com aquela mini-saia que só uso para ti e de que tanto gostas. Estarei com as meias de ligas e aquela camisola decotada que torna o meu peito cativante. Dou-te um beijo, bem quente e tu enrolas os braços no meu corpo como uma cobra à volta da sua presa. Passas-me a mão pelo corpo, na parte da coxa que fica descoberta. Surpreendes-te. Estou sem cuecas e sentes-me...
E mais não digo, deixo a tua imaginação voar pelo meu corpo. Fico à espera até à 1h. Se não ligares, a minha vida seguirá outro rumo. Adeus ou até sempre."
Anukis
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