28 janeiro 2006

E tudo o vento levou



E ela era linda e a noite tinha sido perfeita, pensava ele, os dois agora no carro quente fechado ao frio lá de fora, à chuva lá de fora e a boca dela queimava e a língua sondava-o e parecia saber já da boca dele e roubava-lhe palavras e ar e saboreava-lhe saliva e a vontade dentro dele crescendo e descendo e crescente e ele pensando a boca silenciada pela dela,”ainda não… por favor ainda não…” e a mão dela descendo na camisola, levantando-lhe a camisola, desabotoando a camisa, tocando a pele e “ai meu Deus, não agora… “ e ele sem poder dizer da vontade que tinha e do que queria e daquela aflição, daquela urgência e tentando fugir à mão e à dona da mão e do coração dele e sabendo que não lhe podia contar do que sentia e tentando conter-se, encolhendo, recolhendo ventre e vontade e urgência reprimida e a mão dela no sexo procurando volume e pulsar e os dedos passeando, contornando, apertando e ele, “é agora não posso mais…” e tentando fugir ao toque e à vontade sabendo que era aquele o momento, a pressão já no baixo-ventre, acima do sexo que ela apertava e tocava e, “ai a mão tão quente… ai que não aguento… ai o amor da minha vida que era ela ou podia ser…”
E ela fugindo do carro, nauseada, gaseada e ele sabendo que nunca mais a veria e desesperado, desconsolado dando um murro no banco do carro, “ malditos gases, maldita aerofagia!”

Foto: Quest4knowledge

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