15 janeiro 2006

Senhora Presidenta

Ai São, eu acho que ela é movida pela energia dos bichos carpinteiros que na estagnação agonizam. A escorrer do duche, dá o pequeno-almoço ao miúdo, ajuda-o a vestir-se enquanto enfia a roupa escolhida às tantas da noite da véspera e leva-o à escola para correr para o local de trabalho onde, no intervalo do almoço, sorve uma sopa e tritura uma sanduíche apressada para ganhar tempo para o telefonema em que marca a consulta do marido e depois alinhava os tópicos para a intervenção dessa noite na reunião do partido.

Retoma o trabalho e despacha as reuniões com os clientes reduzindo as discussões aos pontos essenciais para sair a correr e pegar na criança e levá-la ao judo, aproveitando este espaço para colocar o jantar a fazer na panela eléctrica enquanto mastiga leite com flocos. Consulta o cronómetro de pulso e salta para a porta do clube desportivo para entregar o rapazinho ao pai e desejar-lhes uma boa refeição com o que está na panela e a fruta do cesto habitual. Arranca para a reunião e após três horas volta a casa, atira com os sapatos, sacode o cabelo e desaba sobre o gajo que tem na cama a ler qualquer coisa para adormecer, despojando-o do pijama e instigando-o à força de língua, beijos e mãos a uns exercícios de bicicleta fixa.

Por isso é que depois de a conhecer, Sãozinha, julgo que o bom mesmo era eleger uma Senhora Presidenta, de preferência com vários Primeiros-Cavalheiros, para um ir fazer visitas aos hospitais enquanto outro ia às escolas e outro ainda às recepções e vendas de Natal das embaixadas.

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