10 maio 2006
Soneto do olho do cu
Um breve momento erótico-cultural só pode fazer bem a este blog.
Segue-se, portanto, um pouco de literature française: "Le sonnet du trou du cul", de Paul Verlaine, escrito na versão original e acompanhado da tradução (há quem diga que as duas primeiras estrofes são atribuídas a Verlaine e as duas últimas a Rimbaud).
Dedicado a todos os que acham que "um bom cu não tem sexo"...
Obscur et fronce comme un oeillet violet
Il respire, humblement tapi parmi la mousse,
Humide encore d'amour qui suit la pente douce
Des fesses blanches jusq'au bord de son ourlet.
Des filaments pareils à des larmes de lait
Ont pleuré, sous l'autan cruel qui les repousse,
A travers de petits cailloux de marne rousse,
Pour s'en aller où la pente les appelait.
Ma bouche s'accoupla souvent à sa ventouse,
Mon âme, du coit matériel jalouse,
En fit son larmier fauve et son nid de sanglots.
C'est l'olive pâmée et la flûte câline,
C'est le tube où descent la céleste praline
Chanaan fèminin dans des moiteurs éclos.
Obscuro e franzido como um cravo roxo,
Humilde ele respira escondido na espuma,
Húmido ainda do amor que pelas curvas suaves
Dos glúteos brancos desce à orla de sua auréola.
Uns filamentos, como lágrimas de leite,
Choraram, ao vento inclemente que os expulsa,
Passando por calhaus de uma argila vermelha,
Para escorrer, por fim, ao longo das encostas.
Muita vez a minha boca se uniu a essa ventosa;
Sem poder o coito material, minha alma
Fez dele um lacrimário, um ninho de soluços.
Ele é a tonta azeitona, a flauta carinhosa,
Tubo por onde desce a divina pralina,
Canaã feminino que eclode na humidade.
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