18 novembro 2009

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Damos os corpos que se entrelaçam
como as mãos dadas entrelaçam os dedos,
como os dedos entrelaçados se misturam
para largar das mãos dadas os medos.
E agora, será que temos mais segredos
ou as almas também já se enredaram?
Já conheces as histórias que me contaram
como se o amor fosse o maior dos bruxedos?
Imóveis agora, como os lençóis amarrotados
e pasmos pelo enlace que testemunharam.
Já tão pouco humanos; os limites, empurrados
até ao seu colapso, dos corpos abalaram.


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O Santoninho inspira-se e, sem expirar-se, ode:
"Rata que é rata não rata
Os poemas poetados na racha.
Racha a rata e pôe a pata,
E mete a boca na bolacha!

Racha pata, racha, racha,
Bolacha na pata ou na rata.
Rata pata até que escacha
A racha racha rata pata!

E o eflúvio viscoso que escorre
Da gruta escura visitada...
É um sinal de vida que morre,
Junto de uma mão abandonada..."


A Miss Joana Well ode também, ao abrigo do direito de resposta:
"E fica triste a rata,
deixou-lhe comer a bolacha
feita uma pata
e foi largada na mata.
Ah, mas deixa, que não racha!

Que nunca se enterre
o coração da abandonada,
por mais que ela erre;
mais vale o erro que o nada..."


Já sabemos que quando se começa a oder, nunca se sabe quando acaba. É a vez do Santoninho:
"Mais vale o erro que o nada...
Erro perro que cometo...
E é contra a alma encerrada
Que eu com força arremeto!

E bolacha seja, ou raivas,
E petit fours em casa feitos...
Quero que cismes e saibas
Que doces... são os teus peitos!

E racha, sim, eu sei que racha
Por força de real machadada
dada em cheio na bolacha...

Que, de tal forma, abandonada
A racha... não sei se acha
Que é melhor isto que nada!"


E o Santoninho até reode:
"Não há racha mais bonita
que racha rachada a preceito
entre as pernas da menina
e os relevos do seu peito!

Mas rachada com ferramenta
apropriada e com gume!
E sem medo que arrebente
com tanto calor e lume!

E dar-lhe uma, depois e agora,
dar-lhe tudo o que puder...
E dar-lhe sempre, noite fora,
dar-lhe até a racha gemer!

E geme a racha, geme a rata,
E todo aquele corpo geme...
Sacia a sede que a mata,
Agarra o corpo que treme!

E acetinado cu de cetim
Meu buraquinho maldito!
Que, louco, já não estou em mim...
Nem sei se quero cu, se o pito!"

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