Um cigarro, último por hoje.
Vou dormir sem tentar demorar a noite; talvez nos próximos meses acorde muitas vezes para dias que me vão assustar; tenho sempre medo porque basta somente que os dias nos consigam ver e as lâminas também o conseguirão: toda a gente sabe que andam sempre aguçadas à espreita especialmente de quem ousa pisar margens. Mas não vou demorar a noite...
Mas não vou demorar a noite. Nunca mais nada será em vão, nem sequer se for apenas um só golpe fundo. Não importa; nada em vão porque dos meus golpes já não sai sangue, saem-me palavras. (Saem, doem... Continuo a estranhar muito este roubo dos iii nas palavras que os deviam ter.)
Não vou demorar a noite; aterroriza-me - mais que as lâminas que me possam ver - que os dias não me vejam. Quando os dias não nos podem ver, é-nos concedida a imunidade do alheamento. Sim, evitamos os golpes; porém, essa espécie de redoma dos adormecidos é completamente estanque.
Um cigarro mas, por hoje, último.
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Uma por dia tira a azia