Sossega, meu amor, tu já podes sossegar
que eu fechei as portas, as comportas ao alto amar;
eu sei bem que as gotas ainda passam
eu sei bem que as sentes em ti passar
entende, meu amor, são gotas que salgam
sente, meu amor, não são gotas que molham;
ouve no meu colo o silêncio vivo sussurrar
as palavras que já dormem na nossa cama,
os novelos sós que nos enrolam na noite,
um miado doce, subtil de estrela cadente.
O silêncio acendeu-se, o silêncio chama
que eu sosseguei a alma para a alma te secar.
Sossega, meu amor, tu já podes sossegar
que eu fechei as portas, as comportas ao alto amar
e as palavras e os novelos e o miado chamam:
vem, meu amor, não há amor, podes-te deitar.
Sossega, meu amor, tu já podes sossegar
que eu fechei as portas, as comportas ao alto amar.
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