“Não é certo que ela me torne a falar, aliás, o mais provável é que ela nunca mais me venha a dirigir a palavra. Parece-me que isso é o que vai acontecer. Havia de fazer alguma coisa. Não é isso que quero. “Eu tinha tantos planos p’ra depois”. Ah! Acontecer! Fazer as coisas acontecer. Procurar que os meus desejos se realizem. Levantar-me e ir atrás dela. Falar-lhe. Dizer-lhe qualquer coisa. Podia mandar-lhe um sms ou um mail. Fazer uma chamada. Olha, voltou-se para trás. Sorri, estúpido, sorri! Vai ter com ela e fala-lhe. Ah... Acho que aquele dedo esticado quer dizer que nunca mais me vai falar. Bolas! Se calhar avancei depressa demais. Fecha o sorriso, já chega, ela não se riu para ti. “Na pressa de chegar até nós.” Levanta-te. Vai lá. Fala-lhe. Diz-lhe qualquer coisa que a faça reconsiderar. A tua unha do dedo médio está muito bem pintada. Não. Outra coisa. Desculpa. Sim. Pede-lhe desculpa.”
– Ana!
“Desculpa”
– O que é?
– Fica-te bem essa cor de verniz das unhas – “AAAAAAAHHHH!!! Não era isto…”
– O quê?!
– O verniz…
– Não é verniz, é gel!... Vês?
– Ah… Gel?!... E os outros dedos?
– Tu só vais ver este mas as outras unhas estão iguais, parvo! Adeus.
– Ah… Eu depois mando-te um mail…
– Não, não mandes, não te incomodes, escreve antes uma história.
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