29 fevereiro 2012

Pelagem

Há mulheres tão peludas mas tão peludas que , quando se depilam, aquilo é um corta-mato! :D

Fruta 73 - Chouriço caseiro

«os senhores dos anéis» - bagaço amarelo

Às vezes ponho-me a pensar nas coisas que nós fazemos e que não têm sentido nenhum. Manter um casamento onde já não existe pinga de Amor, por exemplo, é uma delas. O absurdo chega ao ponto de haver quem mantenha o casamento sendo vítima de violência doméstica. E eu, que acho que o Amor tem sempre que estar primeiro do que qualquer relação contratual, não compreendo.
Um casamento é isso mesmo, para o mal e para o bem, um contrato. Como é também, ou devia ser, por exemplo, o programa eleitoral dum partido. No casamento está-se a contratualizar, sobretudo, um Amor. Não se está a abrir portas para que o cônjuge use e abuse da vida do outro. Casamos, assinamos um papel, trocamos anéis, beijamo-nos e a vida continua. Deve continuar, aliás, como era antes, com Amor e cuidado de parte a parte.
Às vezes ponho-me a pensar nas coisas que nós fazemos e que não têm sentido nenhum. É quando percebo, por um momento, porque é que os portugueses (ou a maior parte deles) são uns falhados no Amor. É porque são absurdamente capazes de manter um casamento sem sentido. Sem sentimento também. São os senhores dos anéis e de mais nada. Talvez seja uma questão de comodidade e de aparência. Talvez. Só isso.
Um dos piores casamentos que os portugueses (ou a maior parte deles) mantêm é com políticos estúpidos. Casam repetidamente com eles de quatro em quatro anos assinando um contrato, dizendo que sim no mais importante dos altares, fazendo a festa, trocando anéis. Depois encolhem-se perante a violência de que são vítimas diariamente. Sofrem todos os dias em silêncio e, quando finalmente parece que o martírio está a acabar, lá vem o agressor com as desculpas do costume. Promete que vai mudar, pede mais uma oportunidade, que a vida vai ser melhor, que vai deixar as más companhias. Por fim, que ainda sente Amor. Mas não, não sente.
A Democracia não se pode limitar a um casamento de quatro em quatro anos, depois dessas desculpas esfarrapadas, porque o Amor não se pode confundir com casamento nenhum. É por isso que os portugueses (ou a maior parte deles) falha no Amor e na vida, mas é também por isso que pode, duma vez por todas, acertar o passo em ambos. Divorciem-se, porra! Casem com outr@. Agora que já nos levaram os anéis, só somos senhores de nós mesmos. Levantemo-nos.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Frases do Ricardo Esteves - três pratos



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28 fevereiro 2012

Piroca Colossal - O Regresso

É natural que nesta altura muitos (e muitas, e muitas) de vós já assumam um ligeiro desconforto próprio de quem já sente alguma falta de piroca.
Não serei hipócrita ao ponto de afirmar que entendo esse fenómeno, pois em matéria de piroca só sentiria falta de mim mesmo e isso parece-me tão lógico e razoável como uma rapidinha dada em cima do tapete de pregos de um faquir.

Feito este intróito e deixada no ar uma imagem tão sedutora começo por apresentar as minhas desculpas pelo intervalo de tempo tão prolongado (mas por isso mesmo coerente) desde a última que vos dei.
Como devem calcular, e a menos que permitam que me aproxime imenso da vossa genitália, estou dependente do coiso agarrado a mim para comunicar. Ou seja, só vos posso dar uma (ou mesmo duas) quando ele entende colaborar. Claro que isso é de uma injustiça flagrante, pois quando trocamos de posições neste raciocínio eu assumo de imediato a condição de porta voz(*) dos seus anseios e expectativas e ergo-a (a voz) até que o prepúcio me doa ou o coiso esteja à beira de uma coisinha má, o exagerado.

Contudo, também se escreve direito por pilas tortas e cá estou eu de novo com a carola no ar em busca de novos aspectos interessantes para partilhar convosco, querendo aproveitar o ensejo para vos enfiar pelos olhos uma verdade insofismável: este período de abstinência não permite associações fáceis de ideias tolas em matéria de inactividade da parte da piroca, de todo! Com esta piroca colossal ninguém morre à míngua.
A abstinência foi apenas verbal. E esse departamento é mais da língua...

(*) sim, daí aquela conotação fálica popular ao microfone. Tenho que vos explicar tudo...

Penacova, 24 de Fevereiro de 2012

"Tenho duas possíveis legendas para a foto que vos envio.
«Uma boa poda!» ou «Queres fiado? Toma!»
Abraço"
Jotta Leitão

Eva portuguesa - «Quero-te!»

Saíste há pouco da minha cama mas ainda sinto o teu cheiro nos lençóis...
Esse cheiro agridoce, másculo, que tem nome de prazer e de pecado...
Qual abelha procurando o pólen, enfio o meu nariz na tua almofada, fecho os olhos e recordo toda a loucura vivida momentos antes naquele que foi o nosso mundo, o nosso tempo...
E sinto ainda o teu calor na minha pele, arrepiando-me, excitando-me, fazendo com que te queira ainda mais...
A tua língua percorreu caminhos proibidos, abrindo autoestradas de prazer no meu corpo sedento de ti...
Quero-te!
Quero sentir a tua respiração no meu pescoço, o teu suor misturado com o meu, o teu sabor na minha boca, a tua masculinidade forte e doce ao mesmo tempo enterrada em mim...
Quero contigo dançar a dança dos sentidos, embalando nossos corpos numa viagem sem retorno...
Quero que em mim te esqueças de ti e que faças dessa forma única, que só tu sabes, que me esqueça de mim...
Beijos, suspiros, gemidos,dentadas, lambidelas, arranhões... a viagem ao nosso mundo... Prazer tão forte que chega a doer... lágrimas, não de dor, nem felicidade, simplesmente a derradeira manifestação de uma intensidade que se desconhecia, que não se acreditava existir...
E porque só tu és o meu capitão nesta viagem, só tu conheces este caminho, preciso que voltes, que me tornes tua de novo...
Porque eu...
Quero-te!


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Pequenas figuras do Japão esculpidas e pintadas à mão, em marfim

Se forem medidas pelo peso ou pelo tamanho, são certamente das figuras mais caras da minha colecção. Além destas, tenho outras em marfinite (pó prensado de marfim) e em osso.

27 fevereiro 2012

À procura da cuequinha

«por gestos» - bagaço amarelo

Quando conheci a Sónia não consegui estabelecer contacto com ela a não ser através do olhar. Ela nasceu assim, sem ouvir e sem poder aprender a falar. Observei-a discretamente durante o resto da noite, a cortar o seu próprio e imenso silêncio com gestos mais ou menos bruscos, como se tivesse uma faca nas mãos e tentasse abrir caminho numa selva densa. Comunicava apenas com as poucas pessoas presentes que sabiam linguagem gestual, três ou quatro, e de vez em quando o irmão dela apresentava-a aos que iam chegando à festa da mesma forma que a tinha apresentado a mim. É surda e muda, dizia.
A festa devia-se, pelo menos pelo convite que me tinha sido feito, ao seu divórcio. O seu casamento tinha sido uma união violenta de quase quatro anos, e portanto o seu fim significava verdadeiramente um princípio. Era esse princípio que se festejava, embora ainda não se soubesse muito bem do quê. Talvez, pelo menos, duma vida melhor.
O irmão queria que esse princípio fosse rodeado por muitas e diversas pessoas, e por isso até a mim me pediu para participar. Eu, que era apenas um seu conhecido colega de trabalho com quem nunca trocara mais do que um "bom dia" ou "boa tarde". Às vezes podemos gostar muito de alguém com quem nunca falamos, disse ele justificando o convite inesperado.
E foi assim que me apaixonei por ela. Sem palavras e sem sons. Apenas um olhar tão profundo como um poço e um gesto tão universal como o de levar a minha mão ao peito dela. Corei. Toquei-lhe. Afastei-me e passei o resto da noite a segui-la disfarçadamente com os meus olhos nervosos.
Propositadamente fui ficando para o fim, e enquanto a porta daquele pequeno apartamento ia pingando para o exterior os convidados, eu ia ganhando espaço para o que o nosso olhar se pudesse tocar de novo, tal como a minha mão tocara no seu peito. Era o meu objectivo da noite, para depois poder adormecer aninhado nesse sentimento.
Há muitos anos que eu não dormia tão bem, que é como quem diz, tão perto dum Amor tão longínquo. No dia seguinte passei as horas do trabalho a pensar no que podia dizer ao irmão para me conseguir aproximar dela. À saída da fábrica cruzei-me calculadamente com ele e anunciei-lhe que, por coincidência, tinha começado a frequentar aulas de linguagem gestual. Era mentira, mas uma mentira inofensiva se eu começasse mesmo a fazê-lo num dos dias seguintes. Aliás, uma mentira que funcionou, porque ele convidou-me para ir lá a casa treinar com a irmã. Se eu quisesse, claro. Sorri-lhe.
Nessa mesma noite investiguei todas as possibilidades que havia na cidade para aprender a nova linguagem da minha vida. Fiz uma lista que percorri com o meu dedo indicador ao som do meu ritmo cardíaco, acabando por escolher um curso duma associação qualquer sem fins lucrativos. Inscrevi-me por email e compareci à primeira aula nessa mesma noite.
Primeiro bati à porta e ninguém abriu. Depois carreguei num interruptor e percebi, através dum vidro fosco, que uma luz vermelha se acendia lá dentro. Ouvi passos e senti a maçaneta rodar. Era ela, a Sónia, a professora. A mesma que me tinha ensinado que me podia apaixonar por gestos e na enormidade dum silêncio. Trocámos um olhar, ela pegou na minha mão e levou-a ao seu peito. Toquei-lhe, corei, entrei.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Poesia de Maria Teresa Horta lida por Luís Gaspar

Ouçam aqui o nosso amigo Luís Gaspar a ler o poema «modo de amar» de Maria Teresa Horta.

Modo de amar – I

Lambe-me os seios
desmancha-me a loucura
usa-me as coxas
devasta-me o umbigo
abre-me as pernas põe-nas
nos teus ombros
e lentamente faz o que te digo:

Modo de amar – II

Por-me-ás de borco,
assim inclinada …
a nuca a descoberto,
o corpo em movimento …
a testa a tocar
a almofada,
que os cabelos afloram,
tempo a tempo …
Por-me-ás de borco; Digo:
ajoelhada …
as pernas longas
firmadas no lençol ..
e não há nada, meu amor,
já nada, que não façamos
como quem consome …
(Por-me-ás de borco,
assim inclinada …
os meus seios pendentes
nas tuas mãos fechadas.)

Modo de amar III

É bom nadar assim
em cima do teu corpo
enquanto tu mergulhas
já dentro do meu
Ambos piscinas que a nado
atravessamos
de costas tu meu amor de bruços eu

Modo de amar – IV

Encostada de costas
ao teu peito
em leque as pernas
abertas
o ventre inclinado
ambos de pé
formando lentos gestos
as sombras brandas
tombadas
no soalho

Modo de amar – V

Docemente amor
ainda docemente
o tacto é pouco
e curvo sob os lábios
e se um anel no corpo é saliente
digamos que é da pedra em que se rasga
Opala enorme e morna
tão fremente
dália suposta
sob o calor da carne
lábios cedidos
de pétalas dormentes
Louca ametista
com odores de tarde
Avidamente amor
com desespero e calma
as mãos subindo
pela cintura dada
aos dedos puros numa aridez de praia
que a curvam loucos até ao chão da sala
Ferozmente amor com torpidez e raiva
as ancas descendo como cabras tão estreitas e duras
que desarmam
a tepidez das minhas que se abrem
E logo os ombros descaem
e os cabelos
desfalecem as coxas que retomam das tuas
o pecado
e o vencê-lo
em cada movimento em que se domam
Suavemente agora velozmente
os rins suspensos os pulsos
e as espáduas
o ventre erecto enquanto vai crescendo
planta viva entre as minhas nádegas

Modo de amar – VI

Inclina os ombros e deixa
que as minhas mãos avancem na branda madeira
Na densa madeixa do teu ventre
Deixa
que te entreabra as pernas docemente

(... e, tal como os modos de amar VII a XV, podem todos ser ouvidos no Estúdio Raposa)

Vida Bandida da Morte

Será a Vida a mãe da Morte?



Capinaremos.com

26 fevereiro 2012

Semana especial LGBT no Porta Curtas - «Doce e Salgado»

Ficção de Chico Lacerda - 2007 - 8 min

Dois adolescentes, amigos de colégio, descobrem o desejo.
Muitas vezes a amizade desperta desejos. A descoberta que revela é a mesma que confunde.



Link directo para o filme aqui.

Já tenho o dever cumprido!



Aquilo era escuro e cheirava à mesma terra do chão que impregnava as nossas tendas. Ela estava deitada sobre uma esteira tecida e soergueu-se à minha entrada. Fixei-me naquelas mamas espetadas em forma de cone. Pedi que se levantasse e se virasse para lhe apreciar o traseiro que felizmente era em forma de pêra e dava rijos tecidos à palpação. Ficava-me à altura do peito mas já tinha pago e não me queria inquietar com a sua idade, aliás porque todos no pelotão diziam que em África as mulheres o eram mais cedo.

Abracei-a e ela manteve os braços ao longo do corpo o que me irritou e de pronto lhe ordenei que se deitasse o que ela cumpriu no segundo imediato jazendo de pernas abertas e mamas à apontar ao céu. Baixei as calças de camuflado e deitei-me sobre ela como na parada para encher e fui dando estocadas regulares até sentir que a pressão aliviava e a minha querida arma ficava oleada pelo rompimento. Então acelerei por ali fora e só parei quando a minha outra cabecita falou mais alto e me esvaí todo num ah fundo e vitorioso. Missão cumprida, foda-se!

O régulo vinha regularmente vender cabaças aos militares de patente ou aos que considerava terem os escudos necessários para gastar nessa relíquia, evitando cuidadosamente os bravos que abafavam a palhinha e eu só podia considerar uma honra ele ter-me escolhido.

Foto do Museu da Chapelaria na revista «Visão»

Turma de 84


Ricardo - Vida e obra de mim mesmo
(crica na imagem para abrir aumentada numa nova janela)

24 fevereiro 2012

Homens, tomem lá serviço púbico!


nina hartley teaching to eat pussy brought to you by Tube8

Merci beaucoup, mon ami Canadien Français habitant au Texas (EUA) Bernard Perroud!

«Asneira da grossa» - Patife

Ontem estava à espera de falar com o meu editor quando a sua assistente trocou os pés pelas mãos com um telefonema e levou um belo raspanete. Entusiasmei-me com uma prontidão inigualável com a possibilidade de a consolar. Tenho esta fraqueza. Quando vejo uma mulher emocionalmente frágil vou logo a correr para a animar e dar-lhe 30 centímetros de prazer. Levo isso como uma missão. Sou um benemérito humanitário, pensam vocês. E pensam bem. Assim que me achego dela com olhar complacente, ela solta um Agora é que fiz asneira da grossa. “Oh boneca, eu dou-te a asneira da grossa”, apeteceu-me dizer-lhe. Mas dado o delicado estado emocional da moça disse-o na mesma, mas com um tom suave. Ela sorriu sem ponta de desdém. Conhecia a minha fama e sabe que não digo coisa com coisa. Mas digo cona com cona, por isso compensa. Começámos a falar e a conversa dela dava pano para mangas, tal como a sua boquinha daria pano para o meu mangalho. Mas o raio do editor chamou-a e mandou-a aos arquivos. O que foi uma pena. Mais cinco minutos e estava no papo. De cona.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

«conversa 1874» - bagaço amarelo

Ela - As pessoas infelizes costumam ser histéricas de vez em quando.
Eu - Costumam?
Ela - Costumam. A histeria é uma máscara de felicidade.
Eu - Não sei se é.
Ela - Estou a falar daquela histeria festiva, em que uma pessoa faz a festa, lança os foguetes e ainda vai apanhar as canas.
Eu - Ah! Talvez...
Ela - Não é talvez, é de certeza. Eu sei porque também sou assim.
Eu - Histérica?
Ela - Sim.
Eu - Mas és infeliz, tu?
Ela - Sim, sinto-me infeliz.
Eu - Tem piada, nunca me pareceste uma mulher infeliz. Muito pelo contrário.
Ela - Lá está, isso é porque sou histérica. Tu és lento das ideias, não és?

bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

De invento em popa


Alexandre Affonso - nadaver.com

23 fevereiro 2012

Anúncio dos preservativos SKYN - quem o perceber que mo explique

O doutor

O doutor repetiu, simplificando:
– Se são casados em separação de bens, caso se divorciem, os bens dele são dele e os seus são seus.
– Mesmo os que tivermos comprado durante o casamento?
– Sim, desde que efectivamente se comprove quem os comprou…
– Bonito serviço!... Eu não posso ter nada em meu nome, nem tenho conta nem nada. Está tudo em nome dele. Foi tudo comprado em nome dele, com cartão ou cheques em nome dele, por isso é tudo dele, é isso?
– Em principio…
– Em principio e no fim!
– Provavelmente.
– E se ele morrer?
– Tem de o enterrar.
– Ah! Não é isso! – A mulher deu uma gargalhada nervosa. – O doutor está a brincar mas até nisso ele é do contra: o homem não quer ser enterrado. Diz que quer ser cremado e que as cinzas têm de ser lançadas no jardim da casa dos pais.
– Da casa dos pais? Qual é a casa dos pais?
– Não é dele! – A mulher abanou a cabeça com veemência, desesperada por antecipação. – Calhou em partilhas a um tio com quem ele não se fala há mais de trinta anos. Não fala com ninguém dessa parte da família!
– E quer as cinzas lá?
– Mesmo por isso! – A mulher riu-se. – Ele é um retorcido do pior, doutor, até já me disse que quer que eles saibam que ele está lá. E acho que também já disse ao filho. – A mulher recolocou a expressão séria e formal do início da reunião e, pousando as mãos na mesa, fixou o advogado com um olhar vítreo, concentrado, e disse: – Mas isso agora não interessa nada, doutor, o que eu preciso de saber é se ele morrer quais são os meus direitos. Tenho direito a alguma coisa ou, como estamos casados em separação de bens, não vejo nada?
– Se ele morrer é herdeira dele…
– De todos os bens?
– Sim.
As pálpebras afastaram-se e os olhos da mulher brilharam mas o rosto continuou tão formalmente impassível como antes.
– Mas se me divorciar não? – perguntou, com a voz ligeiramente trémula de comoção.
– Se se divorciar deixa de ser herdeira.
– Sim e não apanho nada. – Os olhos da mulher continuavam a brilhar e os dedos entrelaçavam-se e separavam-se em movimentos nervosos, calculistas.
– Para usar a sua expressão, sim, não apanha nada.
– Mas se ele morrer, herdo tudo! – A mulher não conseguiu disfarçar um sorriso, que camuflou com um providencial ataque de tosse e consequente movimento da mão a tapar a boca.
– Tudo não. O seu marido tem um filho, não é?
– É, tem um.
– Então são os dois herdeiros.
– Eu e ele…
– Sim.
– Quer dizer que o doutor é da opinião de eu não me divorciar.
– Eu não sou de opinião nenhuma. Isso é uma decisão pessoal e, parece-me, nem deve ser uma decisão exclusivamente económica.
A mulher soltou uma gargalhada genuinamente divertida.
– Desculpe mas essa foi boa!
– É o que eu penso.
– E se o casamento tiver sido uma decisão económica? – A mulher lançou a pergunta ainda acompanhada do anterior ar de riso e satisfação que, no entanto, se começou a esbater logo que se ouviu fazê-la e, ainda a sorrir, acrescentou: – Dos dois.
– Sendo assim…
– Foi assim – interrompeu a mulher, concludente, enquanto lhe passava uma sombra pela expressão que lhe levou o sorriso e o brilho no olhar. Depois de uma pausa, ela disse como se se confessasse: – Eu queria mudar de vida e ele queria ter-me com exclusividade. Achámos os dois que ficávamos a ganhar. E… – A mulher falava para as mãos, entrelaçadas pelos dedos e pousadas em cima da mesa. – E, na realidade, naquela altura, eu gostava dele e ele de mim. – A mulher levantou a cabeça e cruzou o olhar com o do advogado, procurando aferir da expressão dele o que dizer e o que calar. Calou-se: – Mas isso não é importante.
O doutor ensaiou um sorriso que não chegou a estrear, percebendo, na frase curta e no olhar duro da cliente, que esta tinha captado a expressão de entediado desinteresse que deixara escapar enquanto ela falava. Censurou-se por ter sido apanhado e isso poder influir nos honorários a pedir, e decidiu remediar a situação:
– A nossa vida, para nós que estamos dentro dela, é sempre importante. Muito importante. – O doutor gostou do som cheio com que dissera uma frase tão vazia e continuou: – Todavia, por vezes, temos de tomar decisões… – Lembrou-se a tempo das dúvidas que assaltavam a mulher para quem falava e acrescentou: – De fazer ou não fazer. Decisões que podem parecer exactamente como se não decidíssemos quando, na verdade, é isso que fazemos…
E o doutor continuou, com empáfia e presunção, a martelar frases como se as fizesse ressoar num bombo, frases com tanto conteúdo como o instrumento. Deixara a lei, a doutrina e a jurisprudência e seguia deleitado a ouvir-se falar sobre a vida e o seu sentido. A mulher ouvia-o apenas por cortesia, decidida não só a não lhe dizer mais nada, como em deixá-lo masturbar-se à vontade à sua frente com o seu longo e oco monólogo – quanto mais o ouvia e via mais lhe parecia que ele estava a ter prazer físico em ouvir-se falar.
Dormente, a cliente esperava apenas que ele concluísse as redondas e ocas “alegações finais” e não lhe cobrasse o tempo extra que estas estavam a demorar, no entanto, não se conseguiu conter quando, depois de arengar mais uns minutos, o advogado repetiu:
– E é isso, há decisões que podem parecer exactamente como se não decidíssemos quando, na realidade, é isso que fazemos. São decisões difíceis, quantas vezes incompreendidas…
– Se é isso que realmente fazemos – interrompeu a mulher, ácida –, então não estamos a decidir nada. – O advogado olhou para ela, incomodado pela interrupção. A mulher pensou que ele não tinha percebido mas que a estava a ouvir e explicou: – Se as decisões se parecem com a ausência de decisões e, na realidade, como o doutor disse, foi isso mesmo que fizemos, então o que fizemos foi não decidir e a aparência e a realidade são uma e a mesma coisa, apesar de nós próprios podermos depois imaginar a não decisão como uma decisão por uma razão qualquer, de conforto ou de auto-ilusão, ou outra, e, provavelmente, sem termos sequer a noção disso. Não decidimos ponto final mas como a vida não espera pelas nossas decisões…
– Ah! – O doutor olhou para o relógio que lhe ocupava o pulso todo e ainda sobrava. A mulher achou o relógio apalhaçado mas não disse nada. – A nossa conversa… – o advogado riu-se – sim, porque isto já não é uma consulta, nem sequer uma reunião, é uma conversa – o doutor tornou a olhar para o relógio, que fez questão de mostrar explicitamente de forma sub-reptícia em todo o seu esplendor. – A nossa conversa alongou-se e eu tinha uma outra reunião às seis e já são seis e catorze. Não sei se ainda a posso ajudar em mais algum assunto.
– Não, estou esclarecida, doutor.
O advogado levantou-se e ficou em pé a olhar para o decote da cliente que, ainda sentada, guardava o telemóvel e a carteira na mala.
– Muito bem, muito bem – apreciou o doutor. A mulher olhou-o e ele completou, subindo um palmo o alvo do seu olhar: – É sempre importante que as pessoas tomem decisões esclarecidas. Sempre importante. E pode contar com os meus serviços para o que entender… Para o que entender.
A mulher levantou-se, abanando a cabeça para cima e para baixo. O doutor sorriu e deu-lhe passagem, procurando vê-la de outros ângulos, o que fez com milimétrico cuidado. Satisfeito, passou-lhe à frente, roçando-se descaradamente no seu braço e, agarrado à maçaneta da porta que não abriu, chilreou:
– A sua situação não é nada fácil: há questões pessoais, claro que há, mas também há questões legais de fulcral e decisiva importância; por essa razão parece-me que há uma manifesta e aguda necessidade de ponderação e de um acompanhamento abrangente que permita enquadrar, a todo o tempo, as várias vertentes em conflito. A precipitação é um erro trágico e, muitas vezes, irremediavelmente caro mas que se pode prevenir com um mero telefonema ou um mero encontro… Mesmo fora de horas. – O doutor largou a maçaneta e tirou um cartão e uma caneta do bolso do casaco. – Vou-lhe dar o meu número pessoal e a senhora não hesite em contactar-me. – O doutor escreveu no cartão e entregou-o à cliente, com um sorriso oleoso, peganhento. – Podemos encontrar-nos quando quiser. Quando quiser.
A mulher recebeu o cartão e o sorriso com o mesmo asco. Agradeceu como se realmente agradecesse e estendeu a mão para se despedir.
– Liga-me? – insistiu o doutor, sem lhe largar a mão, enquanto abria a porta. – Eu gostava muito… – A mulher não conseguiu esconder uma careta de espanto e reprovação. O doutor, com o sorriso mais angelical que conseguiu, completou: – De a ajudar, claro… Eu gostava muito de a ajudar.

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É natural, confundir vagem com vagina

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Serapilheira sensual


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22 fevereiro 2012

Peito tamanho... 38KKK?!

«conversa 1873» - bagaço amarelo

(ao telefone, depois de uns minutos de conversa)


Eu - Desculpa lá interromper-te, mas estou cheio de dores de cabeça e preciso dormir. Dá para falarmos amanhã?
Ela - Dói-te a cabeça?
Eu - Sim.
Ela - Não costumas ter dores de cabeça...
Eu - Acho que é por não ter tomado café. Importas-te? Preciso dormir...
Ela - Ah! Sei que dor de cabeça é essa. Tomas um café e pronto, está resolvido.
Eu - Mas é que eu ando com a tensão muito alta e estou a tentar deixar o café.
Ela - Ah! Então não tomes. É perigoso ter a tensão alta.
Eu - Eu sei. Beijinho e até amanhã. Depois ligo-te...
Ela - Estás a despachar-me?
Eu - Não, é que preciso mesmo de dormir porque estou mal disposto.
Ela - Ah! Já podias ter dito.

bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Fruta 72 - Fruta cinzenta e a cores

Frases do Ricardo Esteves - está aqui mesmo na ponta...



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21 fevereiro 2012

De fita métrica na mão

- Olha, só sobram dez centímetros!

Mal pude acreditar. Uma ponta da fita métrica no meu lábio superior e os tais dez centímetros era o que ia daí até à base do Ambrósio.

Não se fala com a boca cheia, porque é feio, senão tinha-o mandado a outro sítio. Mas só me apeteceu nessa altura fechar a boca com força e dar-lhe uma grande dentada.

Estou a falar a sério. Mesmo!

Tem dias...

Eva portuguesa - «Demagogia/Pragmatismo»

Eu sei que costumo usar este meu blog para desabafar, filosofar e pensar.
Mas agora apetece-me ser prática!
Antes de mais, o que eu faço é um trabalho, uma profissão, com hora de entrada e hora de saída.
Como em todas as profissões, tem momentos melhores e outros menos bons.
Tenho direito a dias de folga, dos quais por vezes abdico. Faço horas extraordinárias que por vezes não me são pagas e tiro férias. Tal e qual como qualquer outro trabalho.
Tenho um local de trabalho, uso farda (neste caso lingerie/nudez total) e recebo o meu pagamento.
É bem dito por profissionais da área de saúde, bem como é do conhecimento do senso comum, que as questões de trabalho não se devem levar para casa, e vice-versa.
Ora, eu tenho bastante facilidade em fazê-lo.
Quando o meu dia de trabalho termina, visto a minha roupa, faço as minhas contas, desligo o telefone e saio do apartamento (o meu local de trabalho).
A partir daí, acabou a Eva e aparece a mãe e a... que fala e sai com os amigos, faz compras para a casa, põe os seus telefonemas pessoais em dia, combina saídas, faz o jantar, brinca com o filho, sonha com o príncipe encantado, paga contas, preocupa-se com a falta de dinheiro,oferece um mimo a si própia e ao seu filhote quando as coisas correm bem... Uma mulher normal,que, independentemente da sua profissão, vive o seu dia-a-dia como tantas outras mulheres que também são mães solteiras.
E não deixo que estes dois mundos se misturem.
Claro que tive clientes que se tornaram amigos, mas são apenas dois, e agora são amigos da... A Eva foi o meio através da qual se conheceram. E em boa hora isso aconteceu!
Outra coisa: eu não sou nenhuma coitadinha. Mediante os diversos acontecimentos que ocorreram ao longo da minha vida, fui tomando opções, umas certas, outras nem por isso; mas sempre lutei para seguir o meu caminho da melhor forma possível, às vezes caindo para me levantar de seguida, por vezes errando para depois acertar; mas sempre sem me violentar nem prejudicando (pelo menos conscientemente) quem me rodeia.
Ser Acompanhante foi uma solução que me pareceu acertada em determinada altura e da qual não me arrependo.
Como qualquer pessoa que trabalhe por conta própria, é constante a preocupação do que se ganha diariamente. Se não se ganha, não há como pagar as coisas. E esta situação agrava-se para pessoas que, como eu, têm um filho para sustentar sozinhas e não têm família. Mas isto acontece a quem se encontre nas mesmas condições que eu, independentemente da sua profissão...
Tenho, muitas vezes, uma vantagem enorme que outras pessoas não têm na sua vida profissional: eu gosto de sexo! E, sempre que posso, tenho prazer no trabalho...
Assim, deixando de lado a demagogia, enquanto houver trabalho e clientes satisfeitos sou uma mulher profissionalmente realizada.
Nesta área, ou noutra, desejo o mesmo a todos vós.

Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Chakra Sambara - Nepal

Estatueta em metal pintado e ouro.
"Chakra Sambara é o principal deus de Sambara. É também visto como uma manifestação de Heyvajra, figura central do Budismo Vajrayana. A sua consorte, Vajrabarahi, abraça-o numa posição mística. É uma união simbólica entre a sabedoria e o método, que leva à felicidade derradeira."
Isto era o que estava escrito no papelinho que me deu o senhor do Nepal que me vendeu esta estatueta, na Expo 98. E também está explicadinho aqui.

20 fevereiro 2012

Ilusão

Carnaval dos pobres



HenriCartoon

«respostas a perguntas inexistentes (193)» - bagaço amarelo

amores perfeitos


Não há Amores fáceis. Por estranho que pareça também não há Amores difíceis. Os Amores são todos mais ou menos iguais. A única diferença está em que alguns Amores o são mesmo, outros não. O que torna os Amores todos iguais é o facto de cada um ser único. É nisso que são todos iguais. Não há nenhum Amor que se compare ao meu, assim como o meu também não se compara a nenhum outro. É por isso que ele não é fácil, nem difícil. É o meu Amor. Só isso.
A unicidade do Amor acaba com a ideia de perfeição, seja ela a perfeição cristã de Santo Agostinho ou a positivista de Kant. No Amor busca-se precisamente o contrário: a imperfeição. É ela que é única e é ela que tem a capacidade de nos fascinar. Por ser isso mesmo: única. A ideia absolutista de perfeição é, aliás, uma seca de todo o tamanho e por isso impossível de ser objecto de Amor.
É como se cada um de nós se apaixonasse por um lugar, porque um Amor é isso mesmo. Um lugar. Ninguém mais lá entra, nessa grandiosa imperfeição que só duas pessoas são capazes de criar. Amo-o todo, esse lugar, e é por isso que cuido dele o melhor que sei e posso, para que um dias destes não me apeteça abandoná-lo. É a minha tentativa de prolongar o Amor no tempo. Hoje, por exemplo, acordei de manhã e plantei-lhe uns Amores Perfeitos, para lhe poder chamar também isso, pelo menos em parte. Um Amor Perfeito.

bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«A minha filha, jovem naturista» - documentário


My Daughter The Teenage Nudist por vivrenu-tv

Responder à chamada

Sempre presente.



O importante é satisfazer a população.

Capinaremos.com

19 fevereiro 2012

Semana especial LGBT no Porta Curtas - «Sexo e a Metrópole»

Ficção de Fred Avellar - 2004 - 10 min

O que acontece quando uma menina-deusa, produtora de moda, encontra uma mortal fotojornalista numa metrópole como São Paulo? Um curta sobre desejo, carências e necessidades latentes que brotam entre os prédios e avenidas da grande cidade.



Link directo para o filme aqui.

Teso e bem disposto



HenriCartoon

Blockbuster


Fui entrevistá-lo por causa do seu recém-estreado filme no qual usara todos os mendigos do Metro de Lisboa, alguns sem-abrigo do Martim Moniz, as ciganas que tiram a inveja e o mau olhado e as meninas romenas que vendem pensos rápidos, como actores principais de um drama que intitulara «A Cidade Branca e os Anões».

Foram três noites seguidinhas de trabalho a bater nas suas ligações ao Truffaut, Resnais, Rohmer e Chabrol mas garanti o guião da entrevista todo alinhavado na cabeça e enquanto o ia desfiando, reparei que o eminente realizador apontava a câmara dos seus olhos negros para um grande plano do meu decote seguido de um travelling às minhas pernas. Sem perder a pose de artista e continuando a responder, abriu a carcela das calças e exibiu o seu óscar finamente esculpido e de estupendos acabamentos, garroteando-o no topo como se fosse um tubo de pasta em final de vida. Explicitou um convite para que conhecesse mais intimamente a sua obra e rapidamente rodámos uma película de série X demonstrativa dos comportamentos dos últimos primatas, connosco acocorados e as suas palmas engatadas nas minhas ancas reboludas para as suas bolinhas não falharem os embates cíclicos e os nossos guinchos fornecerem a emoção do sonoro.

No dia seguinte entreguei as 300 linhas na redacção e pedi dispensa para acompanhar o cineasta numa série de curtas-metragens. Não lhes ia revelar a cacha de uma rapidinha sentados numa cabine de fotos à la minute, do enganchanço num dos intermináveis corredores do Marquês a horas nocturnas alçando-me uma perna e a saia, das mãos contra os azulejos do painel indicativo do miradouro de São Pedro de Alcântara a desoras, do seu missionário frenético no topo do caramanchão do Príncipe Real sob o qual João César Monteiro se costumava sentar.

A origem da expressão "fogo no rabo"

Monga


Ricardo - Vida e obra de mim mesmo
(crica na imagem para abrir aumentada numa nova janela)

18 fevereiro 2012

O caso das orgias



HenriCartoon

Homens, aprendam a fazer um nó Windsor a uma gravata

Que bem se venham à nova rubrica deste blog: «Homens, aprendam!»

Metros de vida

O homem mergulhado num mundo alcoolizado e a mulher que o segue com o olhar perdido naquilo que poderia ter sido mas já nem ousa ambicionar.
A mulher entediada com a vida pautada por rituais e o homem que a acompanha pelos caminhos habituais sem sorriso nos lábios nem chama no olhar.
O homem isolado num planeta desabitado e a mulher que o carrega pelos atalhos da vida sem ser por isso reconhecida na condição de amparo derradeiro, de tábua de salvação à deriva sem alguém que sobreviva para a justificar à superfície daquele mar que tudo afoga, esperanças, ilusões, memórias de campeões de um passado entretanto obliterado pela decadência etilizada, pela consciência entorpecida aos poucos até pouco ou nada interferir na passada titubeante ao longo do caminho para sítio nenhum.
A mulher desanimada com a vida marcada por horários que a orientam pelo meio de um estranho nevoeiro de desejos imaginários que compensam a realidade enfadonha tão diferente da que sonha, acordada, enquanto dura a caminhada lado a lado com um jovem que no passado a entusiasmou, o olhar vivaço que ela amou e agora parece ter desaparecido do rosto envelhecido daquele burguês adormecido durante a viagem para o local costumeiro onde gastam o dinheiro que algures preencheu o espaço dedicado pelo jovem apaixonado até nada restar naquele rosto, naquele olhar embaciado pela ausência do amor que entretanto esqueceu.

A vida que entretanto se perdeu, esbanjada por tudo aquilo que a manteve afastada do rumo original, descarrilada pela força da gravidade de acontecimentos imprevistos ou pelo desvio nos objectivos propostos que se transformaram em desgostos, em transporte público, ir e vir, das expressões em rostos privados da vontade de sorrir.

O porno muda-se para o domínio .XXX







Via Sweetlicious

Um sábado qualquer... - «Corpo humano 7» (por Carlos Ruas)

Banda desenhada do brasileiro Carlos Ruas, que recomendo. Aqui, Deus mostra a sua criatividade... cautelosa:



Um sábado qualquer...

17 fevereiro 2012

«Sildenafil» - a revolucionária pilula azul em seu mais dramático desempenho

Maravilha de diálogo!
Aconselho-vos a assistirem a esta curta-metragem (17 minutos) brasileira. Depois digam-me se não valeu a pena.

«coisas que fascinam (147)» - bagaço amarelo

da beleza das mulheres

Existem as mulheres bonitas e existe a mulher bonita. À partida poder-se-ia pensar que a diferença está apenas no uso do plural e do singular, mas não está. Nem de perto nem de longe. É que a diferença entre a primeira e a segunda é tão grande que entre elas pode caber um Amor inteiro.
As mulheres bonitas são aquelas mulheres em que reconhecemos a beleza tal como ela é, a mulher bonita é aquela que nos ensina o que é a beleza. Todos os dias posso andar pela rua e reconhecer a beleza de muitas mulheres pelas quais não me apaixono. Agradeço-lhes em silêncio a existência porque me soube bem passar por elas. Depois continuo a andar procurando mentalmente referências. Uma era parecida com a Scarlett Johansson, outra era parecida com a Mayra Andrade, outra tinha o sorriso da Mona Lisa e assim por diante. Estas são as mulheres bonitas. Sabem-me bem, é isso.
A mulher bonita é aquela que só pode ser uma porque nela não reconheço nada. Nem a Scarlett Johansson, nem a Mayra Andrade, nem nenhuma outra. Olho para o nariz dela e passo a achar que o nariz dela é o mais bonito e único do mundo. O mesmo acontece com o resto do corpo. Os cabelos, as pernas, os lábios, o pescoço, as mamas, os olhos, o dedo mindinho do pé esquerdo ou os joelhos. Nessa altura não há nada a fazer. Estou apaixonado.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«depois a Raquel chegou» - bagaço amarelo

Depois a Raquel chegou, sentou-se ao meu lado, e perguntou-me se eu estava bem.
Hoje, quando peguei no jornal do café para ler as gordas enquanto esperava pela torrada seca e pelo galão directo do costume, subi-o mais um pouco do que o habitual de forma a que ele me tapasse a cara. Mesmo assim quase todos me perguntaram se eu estava bem. A dona do estabelecimento que passa mais tempo na caixa a contar o dinheiro do que a atender os clientes, a empregada que passa o dia a varrer o estabelecimento com os próprios pés, o homem que vende cautelas da lotaria, a mulher que tem um cabeleireiro mesmo ao lado e vem sempre tomar café de bata vestida.
Não gosto que me perguntem se estou bem quando não estou. Ainda fico pior. A pergunta "estás bem?" só devia surgir quando o inquirido se sente de facto bem, caso contrário fá-lo ter uma noção mais intensa do seu próprio mal-estar. O "sim" não sai por ser mentiroso, o "não" não sai por ser inesperado e doloroso. Abanei os ombros a todos com um mastigado "hum hum".
A torrada lá veio, não tão seca quanto o desejado, e o galão também, não tão quente quanto o desejado. Nunca vem nada como o desejado quando o próprio dia não está a ser o que desejámos. Dobrei o jornal em dois, como se fosse possível fechar ali para sempre as más notícias sobre violência e sobre a crise económica, e dei a primeira dentada numa das tiras de pão protestando com a empregada pelo excesso de manteiga derretida.
Depois a Raquel chegou, sentou-se ao meu lado, e perguntou-me se eu estava bem. E eu respondi que sim, até porque já estava.

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Blog «Não compreendo as mulheres»

«Paying for it» de Chester Brown - o 1686º livro da minha colecção



Chester Brown é um cartunista e este livro de banda desenhada, «Paying for it» (pagando para isso) mostra as suas experiências com prostitutas depois de decidir que não quer ter os problemas dos relacionamentos amorosos convencionais.



Em resumo...



O livro é simultaneamente autobiográfico e um manifesto pois, ao longo do livro, dá-nos a conhecer as conversas sobre a sua opção que vai tendo com os seus amigos. No final, apresenta o seu ponto de vista sobre as discussões à volta do tema da prostituição. Aí, Chester Brown defende e fundamenta que a prostituição não deve ser legalizada (com tudo o que isso acarreta de obrigações e as consequências para quem não quer ou pode legalizar esta sua actividade) e sim descriminalizada. E cita Pierre Trudeau: "O Estado não tem lugar nos quartos da nação" [e o que se passa no sexo entre adultos que mutuamente o consentem].

Menos nem sempre é pior... Mais nem sempre é melhor...




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