01 novembro 2012

«Cabeça de alho chocho» - Patife

Este fim-de-semana estava sentado num miradouro junto a uma igreja quando me apareceu uma fotógrafa. Andava ali toda entusiasmada a fotografar a cópula da igreja e eu não resisti a dizer-lhe que se o entusiasmo fosse por uma cúpula na igreja eu até percebia. Olhou-me com desdém mas terá ficado curiosa. Entabulámos uma conversa ligeira em que eu disse muitas mais parvoíces do género. Ela ficou convicta de que eu era um gajo sem qualquer tipo de interesse intelectual e completamente vazio de espírito. O que não andará muito longe da realidade. Perguntou-me, já que eu era tão chico-espertinho, se recomendava algo de mais interessante naquela zona para fotografar. Está bom de ver que me apressei a sugerir o meu nabo. É uma peça arquitectonico-nabal única e de grande valor quantitativo e qualitativo. Tratei foi logo de a avisar que precisaria de uma grande angular para fotografar este portento fálico. Não deve ter gostado muito da sugestão pois ficou de trombas. O pior é que eu também fiquei de tromba feita. Meio irritada ainda chegou afirmar que me achava um cabeça de vento e que o exagero da minha retórica era tal que até uma hipérbole se sentiria ofendida com o abuso. Apeteceu-me responder-lhe que não é uma questão de eu ser falso ou mentiroso, que nunca deixo é que a verdade estrague uma boa história. Mas preferi voltar a sugerir-lhe o Pacheco como Património Mundial da Fotografia. Ela não o quis fotografar, estou convicto que por não ter a lente necessária. Mas o que é certo é que veio comigo para minha casa. Há justiças poéticas muito bonitas: Sei que ela ficou a pensar que eu era uma cabeça de alho chocho. Mas também ficou a saber que se há coisa que eu não tenho é uma cabeça de caralho chocho.

Patife
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