as mãos desfazem-se onde os olhares não chegam.
é onde os corpos se arqueiam, inundados por outros
corpos, navegantes estrangeiros dos mares profundos,
que os sonhos, como as mãos, despedaçam madeiras
das distâncias. as mãos desfazem-se onde os olhares
são fortuitas navegações entre um e outro olhar, entre
um e outro corpo, entre uma e outra suave aspiração
a ser. onde os olhares não chegam, não chegarão vozes,
e não chegará, certamente, o toque sedoso da pele.
as mãos desfazem-se onde se anuncia a madrugada só.
só onde as mãos se encontram, se anunciam
noites boreais.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto