28 outubro 2006

Diário dum padre, parte VII

por Charlie

Agora que escrevo estas linhas e que tudo me vem ao cimo com a força imensa que sulcou toda a minha alma, revivo o nosso primeiro encontro.
Era padre novo na paróquia ainda na missão de me apresentar aos paroquianos o que fazia ao ritmo de uma meia dúzia por semana.
Tinha ido a casa dela um dia antes e deixara-me perturbado, despertando todas as interrogações interiores, fazendo-me passar a noite em claro
Revi nessa altura em oração todos os ensinamentos do meu Mestre. As tentações da carne, os pensamentos pecaminosos. As formas aprendidas de como contornar o Demo e a sua linguagem subtil exercida através dos apelos dos sentidos.
Nessa noite apenas tinha conseguido conciliar o sono quase ao raiar do dia e foi em sobressalto, com os olhos cheios de noite, que entrei pela porta lateral da sacristia que ligava directamente com o altar. Trazia a mente recheada de todos os propósitos elevados e em absoluta convicção da minha missão como sacerdote. Era ministro de Deus, e toda a minha formação tinha sido no sentido da salvação das almas do meu rebanho, mas mal olhara para a assistência dera com ela a olhar para mim, mesmo na primeira fila e todo o meu corpo reagira em êxtase. Não pudera conter a forte erecção. Nesse mesmo instante saíra e na pequena casa de banho da sacristia, mesmo ao lado, masturbara-me. A primeira masturbação da minha vida. Perante os meus olhos fechados os seus lábios, o seu decote e a doce lembrança do seu cheiro de fêmea que guardara do momento da despedida no dia anterior em sua casa, tinham incendiado todo o líbido contido e amansado através de anos e anos de doutrina, rotinas e oração.
Regressei ao altar sob o cutelo vingador dos anjos que me miravam. Um imenso arrependimento pelo pecado cometido muito embora me soubera maravilhosamente o momento supremo de êxtase em que me sentira a entrar no mais divinal dos céus.
A celebração da missa foi feita sob o signo da perturbação. O meu receio de olhar para os seus olhos e o corpo a reagir em nova erecção.
Os instantes subsequentes em que ela ficara após o términos da Missa e me pedira para ser ouvida em confissão, foram a machadada final em todas as intenções a que me propusera.
Revejo agora como a levei para o meu modesto quarto no cimo das escadas da sacristia após uns instantes conturbados em que ela entrara no confessionário e se sentara no meu colo afagando-me o pénis. De como um imenso tesão me tomara todo o ser ao ponto de me por o corpo inteiro sob pressão e dor insuportáveis.
Deixara a porta do quarto aberta, ela desabotoara a minha sotaina enquanto se aliviara da pouca roupa que trazia e logo nesse instante a cama fora o nosso mar.
Foi a primeira vez que conheci o corpo duma mulher. Longe de mim estavam todos os remorsos e sentimentos de culpa com que o seminário tinha moldado a minha personalidade. Penetrei-a. O seu corpo quente e húmido, desejoso da partilha do sexo, tive um orgasmo quase imediato, mas não perdi a erecção e continuei até ouvi-la gemer, os olhos a perderem-se na brancura final dum longo grito, voo livre da alma em que todo o seu corpo a vibrar me fez atingir novamente as portas celestiais. Desta vez um orgasmo ainda mais intenso que os dois anteriores.
- Meu Deus! - Pensei, será isto apenas uma breve amostra do que se aprende ser o Estado de Graça Eterna ao lado do Pai Criador?
De tal forma estávamos entregues que nem um nem outro deu pela presença dum par de olhos que do cimo das escadas nos miravam em silêncio….

(Continua)

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