02 outubro 2005

Anukete - por @lhos

“Uma mulher linda, lindíssima”. Era homem de poucas palavras, sabia-se rude, grosseiro. Linda, lindíssima, repetiu a si mesmo, como se o tremor no canto direito do lábio não fosse já suficiente para revelar a sua excitação. As mãos, no entanto, não o denunciavam, continuando lentamente a executar com precisão a sua tarefa. Devagar, muito devagar, a mão direita ia fazendo pequenos movimentos circulares, enquanto a esquerda a seguia, atenta, tomando mesmo aqui e ali o seu lugar. O corpo da mulher cheirava bem, e sua pele humedecida brilhava. Até a sua brancura era um louvor à sua beleza. O homem passeou o olhar pelo corpo nu e os seus olhos brilharam, pareceu mesmo ir chorar, mas não parou. Continuou até que todos os pontos do corpo dela tivessem experimentado a carícia milimétrica de uma toalhita perfumada. Depois, agarrou na caixa e deitou-a para o caixote do lixo, com raiva. Só então a vestiu, sem pressa.

@lhos
O lado dele da
imaginação dela, publicado no blog Alhos-e-bugalhos

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