E eu tenho caixas e caixas cheias de ti. E de mim. Caixas que transbordam de verdades feitas de sonhos contados em voz alta em surdina pela calada das noites em que as estrelas brilharam.
E tudo é tão verdade como o poema do almada. E tudo é tão verdade como as noites loucas sem dormir do pedro. E tudo é tão verdade como o ateísmo do caeiro. E tudo é tão verdade como os filmes do chaplin. E tudo é tão verdade como todos os nomes do josé. E tudo é tão verdade como tu.
E tudo é tão verdade como a que eu quero que seja.
Como o teu corpo quente aproximando-se de mim devagar. Como o teu olhar distraído que me despe na rua sem pudor. Como a força dos teus braços que me atiram para a cama. Como a tua voz rouca que me confessa fantasias gozadas no meu corpo, na minha alma. Como a forma doce como me despes à pressa. Como os nomes com que me nomeias, à bruta. Como as horas longas e brancas em que nos gozamos. Em silêncio, em gemidos de portas fechadas. Ao espelho, no brilho dos olhares negros e intensos. Nas gargalhadas da cumplicidade do jogo.
E o que existe nos momentos em que falamos o silêncio e a música dos corpos é a única verdade.
Até ao momento exacto em que a verdade se torna poema.
LolaViola. abril, 2004
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