01 outubro 2005

Navegantes

De meu corpo faz teu barco,
iça a vela em mar aberto,
de meu cheiro a maresia que te embriaga a razão...
Navega-me ardentemente,
de meu falo faz teu leme,
de minha boca a rota a orientar sedução...
Flutua neste oceano com a tua boca voraz,
lança âncora no meu sexo
e nele permanece até me extraires gemidos de puro prazer...

Suga-me todos os poros,
acaricia-me o peito,
e com tua língua marota encharca-me de saliva,
qual onda a beijar a areia,
durante o entardecer....
Sacia essa tua sede,
nos líquidos das minhas águas,
sorve gulosamente cada gota cristalina...

Arrebata meus desejos,
sussurra em meus ouvidos,
palavras despudoradas,
diz que me amas e me queres,
diz que eu sou o teu tesão,
e tu quem me domina...
Como num porto seguro,
traz teu barco ao meu encontro,
usa as mãos como amarras
e aporta-te no meu eriçado
e viril membro,
fazendo-me delirar ao sentir o calor aconchegante da tua húmida
e voraz gruta...

Como as ondas quebradeiras,
Cavalga-me insanamente,
sobe e desce num repente,
como as marolas do mar...

No rebolar do teu corpo
sinto fortes contracções,
e com o mastro embebido inventamos posições,
como ilhas flutuantes
que nunca estão no lugar...
E como a visão singela,
do sol penetrando o mar,
nossos corpos encaixam-se na volúpia de amar...
Proa e popa unificadas,
num ritual prazeroso,
tua fenda preenchida por meu sexo volumoso,
e como a bruma das ondas
que a areia vem beijar,
nossos líquidos misturam-se no momento de gozar.....

Qual correnteza das águas que mais parecem espasmos,
nossos corpos regozijam em duradouros orgasmos.....
Navegantes nos tornamos,
sem rumo e sem direcção,
mútua entrega abençoada
glorificando a paixão....

José Cardoso

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