06 janeiro 2006

Flirt

Saí de casa e dei de caras com ele naquela tapete vermelho luminosamente macio como uma passerelle. Era um cinquentão charmoso, seguro e confortável apesar de menos sorridente que o Júlio Machado Vaz. Apenas pronunciando a frase "Olhos nos olhos" que juro, me deixou confusa. É que, Sãozinha, bem sei que somos a única espécie de mamíferos que o faz cara a cara e não exclusivamente num contacto de patas bamboleantes sobre os quadris da fêmea mas, honestamente, isso fez a diferença há milhares de anos atrás quando as mulheres perderam o período de cio para o terem à mão sempre que queiram.

E depois, aquela manifestação de paixão afigurava-se-me curta porque era apenas um olhar apaixonado. Pensei também que se por acaso eu fosse homem ou lésbica até poderia ter levado a mal aquela investida equívoca de olhos nos olhos, como se fosse um desafio e ora vamos lá a uma pega de caras para tirar a limpo quem é mais macho.

Acabei por me fartar de namoriscar com aquela cartaz cheiroso e lá segui para a bica rápida, no café da esquina, antes de mergulhar no stress do dia a dia.

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Uma por dia tira a azia