07 janeiro 2007

Ressonância magnética


Aqueles olhos jorravam mais sensualidade que o débito de litros da nascente da água do Luso e atarantavam-me a mioleira com a atroz dúvida da minha capacidade para contracenar a preceito com tamanha produção. Mais a mais que aquele decote em vê descobria um pescoço sem rugas e as calças branco sujo faziam transparecer umas nádegas vigorosas nuns boxers escuros, bendita seja a estilista das fardas de hospital.

Sem displicência ouvia como um zumbido as suas desculpas pelo atraso que tivera no bloco operatório que eu já estava pregada não se mexa não respire nos seus dedos esguios e no tamanho do polegar a fazer fé na velha tradição da pilomancia e os seus gestos e olhos executassem uma erótica TAC por todos os meus eixos.

A ética que se lixasse mais a relação médico-paciente que era urgente que ele me assistisse e mal ele se acercou de mim apressei-me a baixar-lhe o elástico das calças e a retirar-lhe a blusa na angústia de lhe agarrar o estetoscópio e fazê-lo auscultar cada centímetro da minha substância epidérmica com particular demora nos tecidos labiais. A sua língua a perfurar-me o ouvido externo incitava-me a ondular o corpo ao ritmo certo e contínuo dos tambores de uma ressonância magnética e quando o peso do seu corpo em cúpula sobre o meu me imobilizou, os músculos vaginais continuaram a tanger até ao estertor das boas vibrações.

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