Olhava-te só nos olhos. Mas o olhar é sempre náufrago,
um náufrago desejo que, ao sufocar, eu afogo
contra as ondas da nudez do teu corpo
quando os meus dedos escorrem
e se juntam à tua imagem
dedos, pouco a pouco,
transbordam
nadam
vão
e
vão
nadam
transbordam
dedos, pouco a pouco,
que já não são meus, imagem
das minhas mãos. Eles escorrem
na parede firme da tua pele, são corpo
nas mãos, nos ombros, nas costas, eu afogo
o olhar nos teus olhos, mas o olhar é sempre náufrago.
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Uma por dia tira a azia