11 julho 2011

Confissões

De alguns amores, só a dor é bela, tão bela como dedos perfeitos, esguios, delicados, capazes de trazer o desejo ao olhar. São esses dedos, filhos de uma mão feita só de sombras, que retalham, arranham, com as suas belas, imaculadas unhas, no centro mais centro do peito, enquanto esperam, escondidos, a sua presa mais tenra, o amor que sobe aos olhos, para o empurrarem, enclausurarem dentro das órbitas, cego de mundo, prisioneiro em si. Também eu já vivi, também eu já senti, umas vezes prisioneira resignada, outras vezes hóspede fascinada; sobra-me dor na sua perfeição atroz, na sua beleza de gelo; não sei se a tento escrever ou se sou apenas mais uma das suas adendas.
Amo-te. Quando olho para ti, não sinto dor, nada dói, asseguro-te. De alguns amores, só o amor é...

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