13 julho 2011

Esbracejar

Ergo as mãos aos céus
mas os braços já são ateus
e nem a lua vem roçar-se
entregar-se, olhar-se,
nos dedos espelhados de alumínio
Entre suspiros cresce um domínio
onde sobram o frio, o escuro. O medo
entre dedos espreita o segredo
ensopado pela fadiga
numa cama tão antiga
que o tempo veio maquilhar.
Já aqui veio dançar
o vento que lhe doura o corpo
e o lençol com que nos tapo
já não chega para nos enlouquecer
sequer chega para nos adormecer
porque os nossos braços já são ateus
mesmo que os teus ainda sejam os meus.

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