23 dezembro 2004
Nem sempre é melhor um pássaro na mão...
Concentrado, José testava o instrumento.
Há tanto tempo não o usava
Que não queria que nada falhasse
Quando chegasse a hora H.
A amada viajava, uma viagem demorada,
E José não via a hora
De a ter na cama deitada
E fazer amor com paixão.
Enquanto pensava nela e no coito de despedida,
Acelerou o movimento
Despertou de tal modo o instrumento
Que acabou em explosão.
A porta abre-se e entra a amada,
Que vendo a cena caricata,
De José seminu, com o instrumento na mão,
E não a cena desejada
De José de braços abertos a recebê-la com calor,
Furiosa e indignada atirou-lhe uma jarra gritando:
É assim que esperas por mim?
É assim que me recebes, seu grande estupor?
A jarra acertou na cabeça de José,
Que tropeçou, perdeu o pé, caiu desamparado.
E tanto azar teve José,
Que caiu no meio dos vidros, restos da jarra partida,
Que a amada, zangada, lhe atirou.
Lâminas dilacerantes, cortantes,
Cravaram-se no instrumento
E José chorou
Não de prazer como ansiava
Mas sim de dor, de sofrimento.
José aprendeu na pele uma importante lição:
Quem espera sempre alcança,
Quem não espera e se antecipa
Pode perder de vez o tesão.
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Uma por dia tira a azia