04 outubro 2006

6. Sinceridade e Ensejo - por Bruno

Para quem não se lembra, antes foi assim.


Recolhi a sopa e regressei ao local da verdade e da caçada.
No momento que me sentei, Marla exibia um sorriso largo, confiante e irónico.
- Que giro – disparou estridente – sopa de tomate, para quem parece não os ter! – a frontalidade dela procurava uma reacção.
Aceitei a tirada forte e esbocei um sorriso amarelo com tons de amuo:
- Não é nada disso! – semicerrei as pálpebras, sinonimizando incompreensão.
Ela atalhou:
– Já sei o que vais dizer. Tens namorada séria... compromisso... blá blá blá blá ...
- Sim, é isso – afirmei solenemente.
- Querido... – começou jocosamente, com os personalizados movimentos corporais confiantes – então não devias ter aceite o meu número e muito menos ter-te sentado aqui!
- Mas eu quero sair contigo. Apenas hesitei, como deves compreender – o tom saiu sinceramente sério.
- Olha, esquece, eu meti-me contigo e na nossa conversa provoquei-te propositadamente, quando disse que também gostava de mulheres e isso é mentira. Só o disse porque sei que é a chave para qualquer homem que gosta de engates, como tu. Por isso vamos esquecer!
- Mas eu quero sair contigo! – foi o que saiu, pois o cérebro ainda estava a ler os ataques dela.
- Não leves a mal, tenho que me ir embora. Fazemos assim... – enquanto falava, Marla pegou numa caneta, virou o individual de papel e começou a escrever:
– Ainda deves ter o meu número, mas ainda assim, vou escrevê-lo aqui. Isto é suficientemente grande para não o perderes. Apesar de teres alguns cabelos brancos, cresce e toma uma decisão. A regra é a seguinte: ou me ligas nos próximos 15 dias ou esquece-me. Desculpa se estou a ser agressiva, mas a paciência não abunda por aqui.
Levantou-se lentamente, guardou o jornal e apertou-me carinhosa e ligeiramente a bochecha, em mais uma forma de me chamar puto:
– Xau! – despediu-se simultaneamente com um sensual piscar de olho.
Bruno

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