02 outubro 2006
VACAS FINAS - O Fotógrafo (Pas)tava lá!
E o que têm as vacas a ver com este blogue? Boa pergunta.
Em conversa com um amigo, confidenciava-lhe eu que andava preocupado por não conseguir quebrar o enguiço e fazer a minha primeira posta a sério (a outra foi a introdução e nunca mais de lá a tirei) deste bacalhau que a São cuzinha e a gente snifa com os olhos. E o amigo, do estilo frontal brutal, avançou logo com a sugestão que lhe ocorreu.
“Ò pá, vai dar uma volta e tira umas fotos de umas vacas quaisquer! N’A Funda entra sempre bem, a malta gosta”.
Aquilo ficou a ruminar no meu toutiço até que acabei por dar com a solução que agora, bem vistas as coisas, me soa a uma interpretaSão demasiado literal do que o meu amigo me aconselhou.
Foi um dia em cheio. Comecei por bater com os cornos nas portas dos dois talhos do bairro, a ver se os convencia a deixarem fotografar uns lombos descascados ou umas generosas peças de maminha. Népia.
Depois, com ela na mão (ela, a máquina fotográfica) deambulei pela praia do Meco (outra sugestão do meu amigo) mas só encontrei pinças de caranguejo ao léu (nenhum deles malhado o bastante para, no meio do barulho das luzes (dos chocalhos), confundir a clientela deste espaço.
Acabei por encontrar mesmo ao pé de casa a solução que me pareceu perfeita. Nem na vacaria do Zé Tolas conseguia encontrar tantas mamíferas com cornos.
E havia-as de todas as cores. Todas boas, a avaliar pela multidão que se arregimentou para assistir ao leilão das malucas (das loucas, para se perceber melhor o trocadilho veterinário).
Lá me enfiei num buraquinho qualquer e comecei a dar ao dedo, antes que as vacas sumissem todas com aquela malta entusiasmada “eu dou três! E eu dou quatro!” a mostrar uma ganda ponta perante o inédito ajuntamento de bovinas united colors. E eu armado em repórter d’A FundaSão naquele show corno-erótico em pleno Parque das Nações, com as vacarronas a mostrarem-se todas ao pessoal e os gajos do papel a mandarem embrulhá-las por dois ou três mil contos (ainda não atinei com a moeda estrangeira). Era sempre a aviar, mesmo com a carne ao preço da lagosta suada.
Ainda tive fé que me tocasse alguma assim mais pró acessível, mas acabei por me conformar com um olhar lânguido sobre os arredores (as bordas) da pastagem visual enquanto fazia contas à quantidade de toucinho que comprava com os quase quinhentos mil euros (é fazer a conta) que rendeu à caridade aquela passagem de modelos com cornos.
A terminar, ao estilo apontamento de reportagem, direi que de todas as que vi gostei particularmente de uma pintada com as cores da bandeira nacional.
Fiquei logo prontinho para servir a Pátria e fazer-lhe uma pega de caras mesmo à amador da Moita, sobretudo quando percebi que havia tantos candidatos para aquela em particular que a desgraçada só os despachava a todos com uma interminável geraldina.
Que é como quem diz um rodízio até às tantas…
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Uma por dia tira a azia