Tenho ouvido e lido verdadeiras barbaridades nesta campanha do referendo sobre a IVG. Os panfletos distribuídos aos miúdos onde se lhes pede que agradeçam à mãe não ter abortado, são do mais idiota e hipócrita que a imaginação mais perversa podia conceber. Bem como a nova teoria do Não, que quer manter a lei como está, mas pedir aos juízes para condenarem as mulheres que abortarem a "serviço comunitário", em vez da prisão.
Mas as intervenções públicas de uma pessoa têm-me incomodado mais que todas: as da jornalista Laurinda Alves. As expressões faciais que faz quando fala alguém que defende a despenalização mostram ódio, desprezo, egoísmo, sobranceria.
Não sei quantas mulheres a Laurinda Alves acompanhou em processos de decisão sobre uma interrupção da gravidez. Ou se impediu que o fizessem denunciando o crime às autoridades; se as aconselhou a não o fazer e lhes emprestou dinheiro para fraldas e biberons; se lhes arranjou emprego em part-time e um marido que fizesse de pai; se lhes deu consulta psicológica para as livrar dos traumas "pós-traumáticos"; se as escondeu da humilhação pública com roupas de marca; se lhes transplantou o útero que elas estropiaram com uma agulha de crochet; se foi ao funeral das que morreram com uma overdose de Cytotec; se adoptou todas as crianças indesejadas deste país e lhes deu de mamar.
Bastaria um só exemplo para que a minha impressão sobre ela melhorasse substancialmente.
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