Certamente todos conhecem a canção infantil "As Pombinhas da Catrina", esse mega sucesso da nossa meninice. Se não conhecerem a canção toda, certamente saberão algumas quadras.
Pois bem, ontem tive um súbito insight e apercebi-me que, as quadras desta canção, podem muito bem ter um conteúdo muito menos inocente do que se supunha. Convido-vos por isso a analisar as quadras, uma a uma, adoptando uma nova perspectiva:
As pombinhas da Catrina
Andaram de mão em mão,
As pombinhas da Catrina
Andaram de mão em mão.
Quem é que são afinal estas pombinhas da tal de Catrina? Toda a gente sabe que a pomba é uma ave que não é muito dada a convívios com as pessoas, muito menos a andar de mão em mão. Agora se pensarmos em "pombinhas" que trabalham para uma tal de Catrina, ou deverei dizer, Madame Catrina, aí a coisa muda de figura. Não só serão dadas ao convívio como serão elas próprias a procurar andar de mão em mão... sob a gestão atenta da Madame Catrina.
Foram ter à Quinta Nova
Ao Pombal de São João,
Foram ter à Quinta Nova
Ao Pombal de São João.
Aqui constata-se que, nitidamente, as "pombinhas" fazem serviço ao domicílio. Uma boa opção de negócio da Madame Catrina.
Ao Pombal de São João
À Quinta da Roseirinha,
Ao Pombal de São João
À Quinta da Roseirinha.
Reforçando a ideia anterior, deduz-se que as pombinhas abarcam, com os seus serviços, uma extensa área geográfica.
Minha mãe mandou-me à fonte
E eu parti a cantarinha,
Minha mãe mandou-me à fonte
E eu parti a cantarinha.
Aqui temos um dado novo: um testemunho na primeira pessoa. Alguém diz que a mãe (será a Madame Catrina?) a mandou à fonte e que a própria partiu a sua "cantarinha". Aqui colocamos duas questões: a que fonte nos estamos a referir? Será que era uma cantarinha ou... uma bilha? Alguém a mando da M. Catrina foi ao serviço e deu cabo da bilha?
- Ó minha mãe não me bata
Que eu ainda sou pequenina!
- Ó minha mãe não me bata,
Que eu ainda sou pequenina!
No regresso, a pobre infeliz implora a alguém que diz ser sua "mãe" que não lhe bata pelo lastimoso estado em que regressa, sem aquilo que tinha ido buscar. Estaremos aqui perante uma forte e clara denúncia dos maus tratos a que estas ditas "pombinhas", obrigadas a ir à "fonte", são sujeitas no seu quotidiano?
- Não te bato porque achaste
As pombinhas da Catrina,
- Não te bato porque achaste
As pombinhas da Catrina.
Um final realmente infeliz e inesperado. A protagonista das últimas 3 quadras, na iminência de ser agredida, salva-se daquilo que parecia irremediável denunciando algumas pombinhas que se haviam posto em fuga. Não só é incompetente como, ainda por cima, é bufa! Merecia era ter levado logo.
Aposto que muitos não voltarão a trautear esta canção... digo eu!
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