Bateu a porta da rua com força e entrou na sala de rompante. Colocou as chaves sobre um móvel, poisou a mala sobre um maple e sem descolar o seu olhar do dele, dirigiu-se-lhe inclinando o seu rosto para o dele e beijando-o, ordenou-lhe: "Vou tomar um duche, dentro de 5 minutos quero-te ao pé de mim, apetece-me comer-te".
Era aquele o seu jeito habitual de ser. Determinada, objectiva, impulsiva. Raros eram os momentos em que sobressaíam da sua personalidade diferentes aspectos. Afinal, era uma self-made-woman. Cedo saíra da casa dos pais, ainda não tinha completado os estudos, mas decidira que teria de ser ela a gerir inteiramente a sua vida. Os primeiros tempos de vida a sós, foram-lhe duros, mas a aposta que fizera em si mesma, exigia alguns sacrifícios que estava disposta a praticar. Ele, conhecera-a por acaso uma tarde à saída do cinema, acabara de assistir a Match Point de Woody Allen, vinha absorto nos seus pensamentos. Ela, aproximou-se de chofre e atirou-lhe: "Estatuto Social ou Amor?" Que raio... mas, de onde é que esta saíu? "Então?" - voltou ela. "Tens 10 segundos para responder, depois tomamos um café juntos!"
"Desculpa, o que foi que perguntaste?"
Ficara aturdido pelo inesperado da abordagem e em seguida pela beleza dela acompanhada de uma silhueta magnífica. Havia algo nela que funcionava como um íman e a que ele sentia não conseguir resistir.
"Fiz-te uma pergunta: Estatuto Social ou Amor?"
Lembrou-se então que fora essa a grande interrogação do personagem central do filme a que acabara de assistir, Chris Wilton, quando teve de optar entre a noiva e a namorada do irmão dela, por quem se havia apaixonado tremendamente.
Recobrando um pouco os sentidos, balbuciou: "Essa pergunta é de difícil resposta..."
Ela exibiu um sorriso e determinada avisa: "Vamos então àquele café!"
Ele seguiu-a, sentaram-se e de imediato ouviu-a proferir: "Os homens são umas eternas crianças. Quando colocados frente a uma escolha difícil, vacilam sempre, a insegurança sentimental tolda-lhes por completo as emoções e o sentido lógico. Sabes o que te digo? Os homens nunca deveriam chegar a usar fato, deveriam manter-se em calções a vida toda!"
Pensou para consigo mesmo... mas que mal fiz eu a esta fulana, para me estar a acusar de uma relutância que não é minha?
Perante o seu ar atónito mas seduzido, ela poisou a sua mão sobre a dele e olhando-o sempre num misto de altivez e carinho, convidou-o: "E que tal irmos para tua casa? Vives sozinho?"
Pigarreou... "sim... vivo..."
"Então, vamos!"
Levantou-se, pegou-lhe na mão e levou-o a reboque de si.
...
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Uma por dia tira a azia