30 outubro 2009

E nunca deixes de sorrir

Abraça a noite que passa enquanto aguardas a chegada do sol.
Sente a brisa no rosto e encaixa a gratidão como única opção que te resta, contraria essa tendência que te afasta do prazer tão simples que tens de viver a madrugada enquanto a lua não é relegada para um segundo plano de luz.


Deixa-te conquistar pela forma como te seduz a sua presença prateada no tecto do mundo que te é dado a observar, retribui-lhe com um olhar fascinado esse prazer saboreado sem a interferência do som excessivo, do ruido que entendes como um castigo durante o dia em que te movimentas como uma marioneta ao sabor de uma corrente artificial, a mesma que te afasta desse prazer essencial de prestar atenção às coisas que interessam. Foge das coisas que te impeçam de sentir a vida tomar conta dos sentidos, sem pressa nem alaridos, como só a noite proporciona.
Abraça-a, mesmo de olhos fechados, e sonha que és capaz de voar. Sonha que és capaz de amar até ao último suspiro, isolado nesse retiro iluminado pelo luar que tens a sorte de chamar teu num instante prodigioso em que pertences a um universo harmonioso que te abraça de volta quando lhe prestas homenagem com a tua atenção, com esse sinal da gratidão bem merecida por usufruíres do dom que é a vida na qual te podes permitir esse luxo.
E quando um novo dia despontar no horizonte despede-te da noite nesse preciso instante e promete-lhe em silêncio, como numa oração, que irás voltar para poderes outra vez abraçar a sua oferta generosa, o luar que te desperta uma força poderosa que nem sabias existir dentro de ti e em teu redor.
A vontade de viver que só por si justifica que te apaixones pela madrugada e não desperdices a alvorada de mais uma oportunidade de fazeres a diferença para melhor.

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Uma por dia tira a azia