Sabes, todos os pássaros sorriem
todos os pássaros aprendem a rir
para o azul assim que nascem
assim que azul podem ver, podem sentir;
rouxinóis, mochos, gaivotas, cotovias,
eu sei bem que tu já não sabias.
Sabes, eu sei que tu és um pássaro
sempre foste, mas sorrias tão pouco
o teu peito de penas emocionado e louco
secou à dor, eras suave e áspero.
Sabes porque ainda te espreito agora,
agora que tudo foi, que já me fui embora,
porque espreito, às vezes, a tua gaiola,
de garras esticadas, mão aberta para a esmola
que eu, nem quero saber porquê, ainda peço?
Sim, meu querido pássaro, a ti, eu confesso,
eu peço a Deus que me deixe ver-te sorrir,
eu peço a Deus por ainda te sentir
viver, assim, tão pássaro, tão meu querido pássaro.
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Uma por dia tira a azia