01 março 2012

Hidromassagem

Sexo.
– Sexo?
– Sim, sexo.
– Sexo, o quê?
– Uma das coisas que agora são melhores.
– Desculpa?!
– Não me perguntaste o que é melhor, agora que estamos separados?
– Perguntei.
– É isso.
– O sexo é melhor?
– É. Não achas?
– Se eu acho que o sexo que tu tens, agora que estamos separados, é melhor?!
– Sim, não achas?
– Tu estás a perguntar-me se eu acho que…
– Sim. Estou. Não achas?
– Sei lá… O que eu acho é que tu devias ter vergonha.
– De quê?
– De me estares a dizer isso e a perguntar se eu não acho.
– Tu é que me perguntaste!
– Sim mas não foi agora.
– Mas eu estou a responder-te agora.
– Porque é que tu nunca respondes às coisas quando eu te pergunto?
– Boa pergunta.
– Típico!
– O quê?
– Não respondeste.
– Nisso não melhorámos.
– Tu não melhoraste! Tu!
– Mas no sexo melhorámos.
– Eu melhorei.
– Melhoraste?
– Sim, agora tenho melhor sexo.
– Temos.
– Tenho.
– Apesar de estarmos separados, se temos os dois: temos.
– Sim mas nem sempre ao mesmo tempo.
– Hã?!
– Ah!
– Ah?!
– Agora é que eu percebi.
– Agora é que percebeste o quê?
– O sexo e o facto de me estares a dizer assim.
– A dizer assim, como?
– A anunciares com esse ar…
– Que ar?
– Como se fosse uma coisa boa.
– E é.
– Sim, agora já percebi isso mas, ao princípio, não estava a perceber.
– Eu é que não estou a perceber.
– Ao princípio pensava que estavas a gozar comigo, por isso é que te disse que achava mal estares a dizer-me e a perguntar se eu não achava.
– Porque é que havia de estar a gozar contigo?... Tem sido realmente melhor, não achas?
– Sim, claro. Tem sido realmente melhor.
– O que é?
– O meu soutien?
– Vais-te já embora?
– Tenho de ir… Ah! Está aqui! Queres as tuas cuecas?
– Importaste que eu fique?
– Aqui?
– Sim.
– Não. Fica. Eu é que tenho de me ir mesmo embora.
– Vou aproveitar a banheira de hidromassagem. Não te importas?
– Não, Paulo. Fica… É uma das coisas boas de estarmos separados.
– O quê?
– Fazermos o que nos apetece.
– Isso é verdade.
– Beijos.
– Falamos amanhã?
– Provavelmente… Boa hidromassagem.
– Obrigado… Olha, Ana!
– Diz?
– Só não percebi uma coisa: nem sempre ao mesmo tempo, o quê?
– Nada, depois falamos. Não adormeças na banheira.