08 junho 2005


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Cobriste os lençóis com pétalas de plástico para que não deixassem mancha.
Deitaste-te à minha espera e fumaste quase um maço de cigarros; o cinzeiro a teu lado a contrastar com o colorido da cama.
Olhaste de soslaio, várias vezes, a garrafa de vinho gelado a teu lado. Abriste-a porque eu tardava e deixaste-a quase vazia.
Escolheste um velho disco de vinil mas deixaste a agulha ficar encalhada no final do disco, sem te levantares.
Tinhas o quarto na penumbra, a TV ligada vendendo imagens indistintas, sem som.
No chão, ao lado da cama, as revistas desalinhadas denunciavam a minha demora.
Quando o telefone tocou, não te levantaste para o atender. Acabaste por adormecer. Só soubeste na manhã seguinte o motivo da minha demora.
Agora estas pétalas de plástico pesam como pedras sobre a minha campa.
Esqueceste-te de me mandar cremar.

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