Diz-me ela que o apetite lhe fugiu da cona para a boca. Afasto-me um pouco para a olhar e lá estão eles, os pequenos pneus a ameçarem moldar-lhe a barriga. Digo-lhe que não se preocupe, que nem por isso, quero lá saber de a entristecer. Insiste que a balança não perdoa os 5 quilos a mais. Mudo de assunto. Digo-lhe que grave, grave é o apetite ter-lhe fugido da cona. Falo-lhe das calorias que se queimam, mas não é por isso, e ela sabe-o. O melhor é não comermos sopa. E cortarmos o açúcar nos morangos. Eu também, por solidariedade, que seja. Porque sei o que é isso da falta de apetite. É fodido. É vermos os outros lambuzarem os dedos e nós impávidos e serenos. Desafio-a para uma cerveja. Mas faz barriga, lembra-me ela. Olha, encolhe-a. Mas o pior é a outra falta de apetite, essa de que se ri mas que não dá vontade nenhuma de rir. Escondo os chocolates na gaveta. Quanto ao resto, não a posso ajudar.
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Uma por dia tira a azia