Visita, domingo de manhã.
– Bom dia.
– Ainda estavas deitado?
– Hoje é domingo.
– Meu Deus, não tens máquina de lavar a loiça?
– Está cheia.
– Meu Deus, se eu quiser beber um copo de água, há?
– Água ou copo?
– Mais vale fechares a porta da cozinha.
– É o que eu faço.
– Não sei onde o teu pai e eu falhámos. A Júlia?
– Sei lá da Júlia. Estamos divorciados, esqueceu-se?
– Mesmo que quisesse, o aspecto horroroso da cozinha não me deixava.
– Porquê?
– Porque quando vocês estavam casados estava tudo limpo...
– Não é isso. Está a perguntar pela Júlia porquê?
– Precisava de falar com ela.
– Quer dizer, vem aqui a casa ao domingo de manhã...
– São quatro horas.
– É de manhã, ainda não almocei.
– São quatro horas da tarde.
– Não interessa. A senhora vem cá, acorda-me, chateia-me e diz que quer falar com a minha ex-mulher?
– Quêrido, quem está aí?
– Quem é essa mulher?
– Não é a Júlia.
– Isso estou eu a ver, é brasileira? Trouxeste uma brasileira cá para casa?
– É crime?
– Não tem roupão, néné?
– Néné?!
– Está para lavar.
– Deve estar debaixo da pilha da loiça suja!
– Mãe...
– Eu depois telefono.
– É melhor. Cumprimentos ao pai.
Garfanho in Garfiar, só me apetece
Sem comentários:
Enviar um comentário
Uma por dia tira a azia