14 junho 2005

Ténis de salto alto



Enquanto esperava na plataforma da estação os meus olhos passeavam pelas figuras que circulavam ou estacavam junto à linha amarela.

Prenderam-me a atenção aqueles ténis de salto alto e a sombra, às camadas nas pálpebras, a contrariarem a t-shirt justinha e a saia de flores, nos três folhos sucessivos, que nitidamente a incomodava por não lhe tapar os joelhos apesar de descair na cintura.

O soquetinho branco de rede apregoava uma inocência armada de dedos cheios de anéis de prata, com umas pedrinhas cravadas, a ostentarem um telemóvel cinzento, com um pinchavelho nervoso ao dependuro.

Olhei em redor para confirmar que os engravatados do costume, atabafados na camisa e no casaco, entre o jornal e o telemóvel, percorriam as pernas rosadas e lisinhas de juventude até ao último folho da saia de flores para depois saltarem para os contornos de algodão da camisola.

E então Sãozinha, no calor daquela estação onde ondulava o instinto, veio-me à memória aquela anedota batida em que um fulano após múltiplos e diversificados testes às namoradas não tem dúvidas em escolher a que tem as mamas maiores.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia