Ainda a propósito das pedras da Papoila Rubra:
"Fez-me lembrar uma história do pastor que passava os dias a fazer de mola com a canhota de fora da braguilha, a atirar pedritas direito à estrada, cada uma mais longe que a outra, quando passaram num Citroën dois cavalos, duas boas de comer e viram a pujança do cachopo.
Pararam o chaveco e saíram. Eh pá, que arregalaram os olhos:
- Xi que coisa, que espectáculo! Escute. moço. quer vir com a gente ali para trás dos arbustos e dar outro uso a isso?
Puxaram duma nota gorda e ele foi. Aviou as duas, elas seguiram de barriga cheia mas uma hora depois, uma alma que passou viu-o a chorar.
Era um choro desalmado e o passante não resistiu. Aproximou-se e perguntou:
- Ó caralho. O que tens, ó Toino da Beca?
- É isto que se vê... - e apontava para a pele murcha na abertura das calças - Deram-me um contito de reis mas partiram-lhe a mola.
E pegava na cabecita triste e pingante que caía de olhar mortiço apontando para o chão mal ele lhe largava os dois dedos protectores que bem o tentavam chamar à vida, enquanto segurava com a outra mão uns pequenos seixos, de repente tornados inúteis.
Falcão"
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Uma por dia tira a azia