16 setembro 2006

Saudade, essa coisinha terrível!...


Exausta, tardiamente, deixava-me cair de lado, na cama.

Os teus braços abriam-se sempre e encontravam-me. Com gesto calculado e mil vezes repetido, eu recuava e encaixava direitinha no teu corpo.

O côncavo e o convexo, encaixam sempre.

Geralmente comentavas ralhando: “porque demoraste tanto??!!!” ou “que estiveste a fazer até agora?!” ou ainda: “ai, estás tão gelada!!!”
Muitas vezes não respondia. Outras, retribuindo a ironia, dizia:
- Bem sabes que estive a namorar o vizinho…
- Qual deles?!
- O... filho, claro!!
Sabias de sobra que apenas tinha olhos para ti, mas fingindo ciúmes infundados, cravavas as unhas na minha nádega nua, tipo punição com garra, até eu gritar um “aiiii, pááára!”. Na sequência, aconchegavas-te e enroscávamo-nos mais…

Raramente usávamos a parte de baixo dos pijamas. Então, por trás, encaixavas entre as minhas coxas, a perna esquerda dobrada, ficando o teu joelho a partilhar o calor e a humidade, exercendo ligeira mas agradável pressão, sobre o meu sexo.
A mão esquerda, primeiro arrumava o meu cabelo, afastando-o do teu nariz. Depois, em breve carícia deslizante sobre o meu tronco, geralmente repousava ao nível do baixo-ventre. O meu braço prendia o teu e as mãos entrelaçavam-se.

Sensação quente e doce, invadia-me rápida e completamente. Num ápice, os ritmos respiratórios sincronizavam-se.

Éramos um só corpo. Sentia paz e sem saber como… já dormia…

Agosto / 2006


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